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Aumentou o percentual de instituições com nota baixa no ensino superior; veja por quê

Karina Yamamoto<br>Editora do UOL Educação

Em São Paulo

01/02/2011 12h00

O percentual de instituições com notas 1 e 2 no IGC (Índice Geral de Cursos) aumentou desde que o indicador foi criado em 2008. Na última divulgação do MEC (Ministério da Educação), o percentual de cursos com nota abaixo de 3 foi de 32,7%. Ou seja, três a cada dez instituições obtiveram índice abaixo da nota média. A escala do IGC vai de 1 a 5.

Em 2007, 24,7% das instituições de ensino superior ficaram abaixo da nota 3. No ano seguinte, a proporção de faculdades, centros universitários e universidades com IGC 1 e 2 ficou em 27,8%. As notas são compostas com avaliação das instituições e de alunos (por meio do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, o Enade) do ano anterior.

Conforme dois especialistas ouvidos pelo UOL Educação, os índices podem apontar dois movimentos -- um que sinaliza, de fato, uma queda na qualidade da educação, representada pelo aumento na fatia de instituições com notas abaixo de 3.

Por outro lado, é possível que esse aumento esteja ligado ao fato de ter diminuído a fatia de graduações sem conceito - ou seja, o ensino superior não estaria piorando, mas, sim, estaria ganhando um retrato mais fiel.

DESEMPENHO DAS IES NA AVALIAÇÃO DO MEC

ANOIGC 1IGC 2IGC 3IGC 4IGC 5SC
20070,5%24,2%46,4%6,6%1,1%21,2%
20080,7%27,1%44,5%6,4%1,0%20,4%
20090,6%32,1%44,2%5,8%1,2%16,1%

Comparando direito com medicina

Para o diretor de regulação do ensino superior do MEC, Paulo Wollinger, não é possível comparar esses percentuais. "O agrupamento de cursos deste ano [IGC 2009] é de ciências sociais aplicadas, [uma área] que possui maior oferta de vagas e maior distribuição pelo território nacional", disse.

"Não posso comparar direito com medicina", exemplificou. Todos os cursos existentes passam por avaliação a cada três anos e, portanto, somente em 2013 será possível obter comparações que apontem melhora ou piora na situação das instituições em relação aos cursos, segundo Wollinger.

O IGC foi criado para aferir a qualidade da instituição e leva em conta não apenas o desempenho dos estudantes (obtido pela aplicação do Enade, Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, aos universitários) mas também a qualificação e a dedicação do seu corpo docente (medidas por meio da quantidade de mestres e doutores e o regime de horário em que eles trabalham para a instituição) bem como a qualidade de seus programas pós-graduação (avaliados pela Capes, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

IGC é medida insuficiente

Na opinião da professora Elizabeth Balbachevsky, o IGC não deveria ser o único instrumento para aferir a qualidade do ensino superior. Em primeiro lugar, segundo a docente da USP (Universidade de São Paulo), pesa contra o índice o fato de ele não  poder ser tomado em termos absolutos. Explica-se: as notas das instituições são distribuídas entre os integrantes do grupo avaliado. Ou seja, obter IGC 4 em determinado ano pode não significar o mesmo no ano seguinte.

"Independentemente da qualidade ou da falta de qualidade, sempre haverá um grupo com notas mais baixas e outro com notas mais altas", disse Elizabeth. Por isso, um cenário sem cursos com nota mínima -- IGC 1 -- é impossível nesse modelo de avaliação.

Para ela, o modelo de avaliação do MEC também privilegia o modelo que seguem as universidades públicas.