Topo

Reitoria da USP tem pichações e desenhos nas paredes após saída de estudantes

Suellen Smosinski

Em São Paulo

08/11/2011 08h22Atualizada em 08/11/2011 09h31

A reitoria da USP (Universidade de São Paulo) está suja e com as paredes pichadas após a saída dos estudantes. A PM permitiu a entrada da imprensa depois de vistoria realizada por funcionários da universidade. Na manhã desta terça (8), cerca de 70 manifestantes foram detidos durante a reintegração de posse do prédio.

Na paredes, havia frases de protesto como ""Ocupe a reitoria que existe em você. Aqui é um lugar de pensamento livre entendeu?".

Em duas das salas havia uma identificação de onde os estudantes dormiram -- eram placas de "alojamento" e "dormitório". Colchões, colchonetes e objetos pessoais, como mochilas e bolsas foram deixados para trás, dando a impressão de que os manifestantes foram surpreendidos pela polícia.

Havia sujeira pelo chão e garrafas vazias de bebidas e vasilhames de cerveja em alguns cantos. Numa das salas havia também um conjunto de primeiros socorros e produtos para higiene pessoal, como pasta de dente e absorventes.

Logo na entrada, havia cadeiras e móveis empilhados, como para fazer uma barreira de resistência.

Reintegração de posse

A reintegração de posse da reitoria da USP terminou por volta das 7h20 da manhã desta terça-feira. Segundo a PM, funcionários da USP vão realizar uma vistoria para avaliar quais foram os danos ao patrimônio. 

Segundo a Maria Yamamoto, coronel da PM, "não houve resistência; eles foram pegos de surpresa". Até uma estudante com uma garrafa de vinagre foi detida. Os policiais militares pensaram que a garrafa nas mãos da mulher era uma bomba caseira. A identidade da mulher não foi divulgada.

O prazo para os estudantes deixarem o edifício venceu na noite de segunda (7), às 23h. Em assembleia realizada ontem, os estudantes optaram por permanecer no prédio. Havia cerca de 600 estudantes na reunião.

Os alunos ocupam o local desde a madrugada da última quarta-feira (2), em manifestação contra a presença da Polícia Militar no campus da USP no Butantã e contra processos administrativos envolvendo funcionários da USP.

Debate sobre a PM

O debate sobre a presença da PM no campus voltou à pauta na quinta-feira (27), quando policiais abordaram três estudantes que estavam com maconha no estacionamento da faculdade de História e Geografia. A detenção gerou confusão e confronto entre estudantes e policiais –que culminou com a ocupação da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e, posteriormente, da reitoria. 

A presença dos policiais no campus –defendida pelo reitor, João Grandino Rodas, e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB)– passou a ser mais frequente e em maior número após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, em maio deste ano. Em setembro, o reitor e o governador assinaram um convênio, autorizado pelo Conselho Gestor do Campus, para regulamentar a atividade da PM na USP.

Os contrários à PM no campus dizem que a medida abre precedente para a polícia impedir manifestações políticas –que comumente ocorrem dentro do campus– e citam o episódio de junho de 2009, quando a Força Tática da PM entrou na universidade para reprimir um protesto estudantil e acabou ferindo os estudantes e jogando bombas dentro de unidades.

Como alternativa à PM, o DCE defende que a segurança do campus não seja militarizada, isto é, que seja de responsabilidade da Guarda do Campus. A entidade defende que haja mais iluminação das vias do campus e que a USP mais seja aberta à comunidade externa, aumentando a circulação de pessoas.

Uma parcela dos alunos –sobretudo da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e da Escola Politénica– defende a presença da PM, argumentando que isso aumenta a segurança dos frequentadores do campus.