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Cásper Líbero volta atrás e tenta recontratar professor com câncer que havia sido demitido

Do UOL, em São Paulo

19/03/2012 18h29Atualizada em 19/03/2012 18h36

A Fundação Cásper Líbero, mantenedora da faculdade de mesmo nome, recuou nesta segunda-feira (19) da decisão de demitir o professor Edson Flosi, 71, e o chamou para voltar à instituição. Em solidariedade à demissão do docente, que está com câncer, outro professor, Caio Túlio Costa, também saiu da Cásper.

Na sexta-feira (16), alunos fizeram uma manifestação em frente à faculdade contra saída de Flosi. Ao UOL a assessoria de imprensa da Cásper afirmou que a fundação "não sabia" (por meio de laudo médico) que o professor estava com câncer. Há dois anos ele havia reduzido a carga de atividades por causa da doença. 

No dia da demissão, em nota, a instituição disse que reconhecia o mérito do trabalho desenvolvido pelo professor Edson Flosi, durante sua permanência na instituição, mas que seu desligamento havia sido feito "nos termos da lei".

Caso Flosi aceite retornar à Cásper, a instituição disse que vai estender o convite a Caio Túlio Costa.

Flosi diz ter ficado magoado

Flosi afirmou na sexta que ficou magoado com sua demissão porque a Faculdade Cásper Líbero não teria, ao menos, esclarecido os motivos de sua saída. Ele estava afastado das atividades de professor há dois anos por causa de um câncer, mas continuava atuando na assessoria da diretoria da faculdade. 

"Eles simplesmente me chamaram e disseram que estava demitido. Nunca deixei de cumprir com minhas obrigações profissionais, só faltava às vezes para fazer tratamento porque, assim como o [ex-presidente] Lula e a [presidente] Dilma, estou com um câncer, que já deu metástase inclusive."

A respeito da conduta do professor Caio Túlio Costa, que pediu demissão em solidariedade, o professor disse estar impressionado com o ato. "Ele sempre foi uma pessoa maravilhosa, mas este ato me tocou porque foi de uma imensa hombridade", disse.

Ele também disse estar contente pela mobilização tanto de alunos como de ex-alunos, que manifestaram solidariedade pelas redes sociais e marcaram um protesto, realizado na frente da faculdade na noite desta sexta-feira.

"Eu entendo que é um mundo capitalista e que, se a empresa visa o lucro, demite mesmo quem não tem mais utilidade pra ela. Eu não vou discutir a legalidade do ato, que é plenamente legal, mas podemos discutir se é moral. E eu acho que, se fiquei 16 anos na empresa e sou demitido sem ao menos me dizerem o motivo, isso é uma total falta de consideração. Mas a reação do professor Caio Túlio e dos alunos é um prêmio para mim", diz.