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Alunos da Federal Fluminense têm aulas dentro de contêineres no RJ

Carolina Farias

Do UOL, no Rio de Janeiro

07/03/2013 06h00

Estudantes da UFF (Universidade Federal Fluminense) dos campi de Rio das Ostras, na região dos Lagos, e de Campos dos Goytacazes, no norte do Estado, têm aulas em contêineres e sofrem com o número insuficiente de professores.

O cenário afeta, ao menos, 4.300 alunos matriculados nos dois campi do interior.

Em Campos dos Goytacazes (284 km da capital), o campus soma cerca de cem contêineres, onde ficam tanto as salas de aula quanto as áreas administrativas da unidade. Outros 20 devem ser alugados este ano para receber novos alunos, segundo o diretor do pólo, Hermán Mamani. A unidade aguarda a conclusão de um prédio para 2014.

Eu acho horrível. O ar-condicionado deixa muito gelado. É muito barulhento porque é uma caixa de lata. Cai um lápis e faz o maior barulho. A fiação elétrica é dentro da sala

RAYLANE WALKER, 22, estudante de serviço social em Rio das Ostras

O problema de espaço afeta não somente as aulas, mas os estudos e pesquisas, é o que diz a estudante Priscilla Reis, do Centro Acadêmico de Ciências Sociais em Campos. Ela afirma que os contêineres não são ruins, pois são montados para serem como salas de aulas e que têm até banheiro e ar-condicionado.

“Falta espaço para montar grupo de pesquisas porque tem que priorizar para as salas de aula”, afirmou a estudante.

No campus de Rio das Ostras (175 km da capital), o projeto do prédio principal está pronto desde 2007 e há três anos tem verba destinada, mas as obras ainda não saíram do papel.

“Hoje, o que foi depositado, não dá mais nem para um quinto das obras por causa da inflação e da especulação imobiliária”, afirmou o diretor da unidade, Ramiro Piccolo. São necessários R$ 25 milhões para a construção do edifício.

“Eu acho horrível. Por dentro é branco, o ar-condicionado deixa muito gelado. É muito barulhento porque é uma caixa de lata. Cai um lápis e faz o maior barulho. A fiação elétrica é dentro da sala”, disse Raylane Walker, 22 anos, estudante do 6º período de serviço social em Rio das Ostras.

Sem restaurante

Os alunos reclamam ainda a falta de restaurantes universitários e, em Rio das Ostras, só em janeiro deste ano foi inaugurado o alojamento de estudantes.

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Alunos que não têm dinheiro para comer na cantina do polo, onde a comida é considerada cara, buscam o restaurante popular da Prefeitura de Campos, onde o prato custa R$ 1. “O pessoal come no restaurante da Rosinha”, diz a estudante sobre o local, apelidado como uma referência à prefeita Rosinha Garotinho.

Expansão

Hoje, a UFF tem 29 unidades de ensino superior distribuídas por sete municípios: Niterói (sede), Rio das Ostras, Campos de Goytacazes, Angra dos Reis, Volta Redonda, Santo Antonio de Pádua e Nova Friburgo. 

A instituição atende a 21.115 alunos de graduação e 3.028 de pós-graduação com com 2.287 professores e 4.064 funcionários. De acordo com o Relatório de Gestão de 2011, a universidade "ampliou em 28% a oferta de vagas na graduação no período de 2010 a 2011."

Sua expansão faz parte do programa federal Reuni (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), criado pelo governo federal em 2004.

De 2009 até este ano o Polo Universitário de Campos dos Goytacazes viu seu número de alunos saltar de 560 para cerca de 1.800 matriculados. No entanto, o prédio inaugurado em 1962 para um curso apenas, o de serviço social, não deu conta de abrigar os demais cursos – geografia, economia, ciências sociais, história e psicologia.

O campus de Rio das Ostras tinha, em 2009, 690 alunos e atualmente tem 2.500 estudantes.

A reportagem do UOL procurou a reitoria da UFF na segunda-feira e até o momento da publicação não obteve resposta.