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Israel oferece rica vivência cultural e científica, conta aluno da USP

Cláudia Emi Izumi

Do UOL, em São Paulo

07/03/2013 13h09

O estudante Ivan Lavander Cândido Ferreira, 21, cursa ciências biológicas na USP (Universidade de São Paulo). Em 2010, ele participou do intercâmbio de verão do Instituto Weizmann de Ciências, em Israel.

A seleção de cinco brasileiros para o próximo programa, com viagem marcada para julho de 2013, é por meio de concurso de redação. A  data final de entrega dos textos, redigidos em inglês, é 18 de março (veja como participar)

Confira a entrevista com o universitário sobre as oportunidades que o programa oferece para os brasileiros, a experiência de conhecer um centro de pesquisa internacional e seus ganhos pessoais:

A população de Israel é conhecida por ser condicionada a adotar medidas de prevenção ao perigo, por causa do atrito histórico com palestinos. Como foi para você?

FERREIRA: Eu não diria que eles vivem esse clima de tensão e prevenção ao perigo todos os segundos. A população israelense é treinada de dois a três anos no serviço militar, portanto, todos possuem experiência em segurança. Como grande parte da população recebe treinamento militar, é mais do que comum você ver um israelense portando armas.

Mas, sinceramente, em qualquer região que visitei no país, o clima de paz predominou. Na minha percepção, em cidades grandes do Brasil como São Paulo, esse clima de prevenção ao perigo, em que você precisa ficar sempre atento ao andar na rua, é muito maior.

Quais foram os pontos positivos do seu intercâmbio?
FERREIRA: O principal ponto é a oportunidade de abrir a mente sobre uma cultura bastante estereotipada, sobretudo devido à militarização e aos conflitos com a Palestina. Conheço vários amigos que nem tentaram o intercâmbio porque tinham medo de que o país entrasse em guerra. Profissionalmente, Israel é um dos principais líderes em pesquisa científica e produção tecnológica. Se antes eu nem tinha ideia sobre isso, hoje considero como um dos lugares para fazer minha pós-graduação.

Trabalhei no laboratório de uma Prêmio Nobel [Ada Yonath, que recebeu o Prêmio Nobel de Química de 2009 pelos seus estudos da estrutura do ribossomo, juntamente com os colegas Venkatraman Ramakrishnan e Thomas Steitz], uma honra científica que o Brasil ainda não possui. Vários pesquisadores do instituto publicam seus trabalhos nas revistas científicas mais importantes do mundo como a Science, a Nature e a PNAS.

Se nenhum desses motivos bastar para ir a Israel, você pode perder a chance de treinar a língua inglesa, conhecer gente do mundo inteiro e ver estrelas cadentes enquanto está acampado no deserto.

Nas visitas de fim e semana, fiz compras no mercado antigo de Jerusalém, visitei o Santo Sepulcro, o Museu do Holocausto, mergulhei em recifes do Mar Vermelho, acampei no deserto da Judeia e escalei o Massada. Com certeza foi uma das vivências mais incomparáveis que eu já tive. 

Quais foram as maiores diferenças culturais que vivenciou?
FERREIRA: Em Jerusalém, você anda por uma viela e encontra ruínas romanas, atravessa um bairro muçulmano e cai em um bairro judeu, anda mais um pouco e encontra cristãos ortodoxos. É gente de todas as etnias e credos. Acho que isso é que torna Jerusalém tão especial. Durante o intercâmbio, você entra em contato com pessoas de mais de 20 países do mundo. Alguns distantes como Azerbaijão e Cazaquistão.

Qual foi o maior sufoco que passou lá?
FERREIRA: Como a língua nacional é o hebraico, você não consegue nem ter ideia do itinerário de um ônibus porque está escrito em um alfabeto totalmente diferente! Outro perrengue bom foi no acampamento no deserto. Havia dias em que a gente acordava às quatro da manhã para fazer as atividades no deserto, porque ninguém aguentaria escalar Massada [fortaleza construída pelo rei Herodes] no sol do meio-dia.

Por que escolheu Israel?
FERREIRA: Um amigo já tinha participado do programa, e resolvi tentar. Escolhi Israel pela oportunidade de poder vivenciar uma cultura totalmente diferente da minha e, academicamente falando, o país atrai qualquer futuro cientista. Nunca imaginei que eu fosse ter a chance de conhecer o Oriente Médio. 

Tinha outros brasileiros lá contigo?
FERREIRA: Comigo foram mais dois alunos da USP e um da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).