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Após corte de salários, docentes de Juazeiro do Norte entram em greve

Professora chora diante da aprovação da redução do salário dos professores em Juazeiro do Norte, no Ceará. O corte pode chegar a até 40% - Normando Sóracles/Agência Miséria
Professora chora diante da aprovação da redução do salário dos professores em Juazeiro do Norte, no Ceará. O corte pode chegar a até 40% Imagem: Normando Sóracles/Agência Miséria

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

11/06/2013 19h04Atualizada em 11/06/2013 19h06

Professores das escolas municipais de Juazeiro do Norte (a 548 km de Fortaleza) iniciaram uma greve na tarde desta terça-feira (11) para pressionar o prefeito Raimundo Macedo (PMDB) a não assinar o PCCR (Plano de Cargos, Carreira e Remuneração). 

O PCCR foi aprovado pela Câmara de Vereadores, na última quinta-feira (6), e vai reduzir em até 40% os salários dos trabalhadores em educação do município.

Nesta quarta-feira (12) está programada uma passeata, saindo da sede do Sinsemjun (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Juazeiro do Norte) com destino à prefeitura para pressionar Macedo a não sancionar o novo PCCR.

Segundo o Sinsemjun, apesar da reforma do PCCR ter sido um pedido do prefeito e aprovado pela Câmara de Vereadores, por 14 votos a 2, Macedo tem o poder abrir novas negociações e modificar a reforma.

Os professores prometem que vão continuar os protestos na quinta-feira (13).“Ainda temos espaço para ele abrir negociação antes de sancionar a lei”, disse a presidente do Sinsemjun, Maria José dos Santos.

O departamento jurídico do Sinsemjun está tentando anular na Justiça a aprovação do PCCR. Uma das alegações da categoria é que não foi dado espaço para negociação e houve tumulto durante a sessão na Câmara de Vereadores.

De acordo com o sindicato, são 220 profissionais da educação que vão ter redução imediata nos salários e 2.300 que terão perdas graduais.

O sindicato afirmou em nota que as escolas vão funcionar regularmente, pois os professores que não aderirem a paralisação não terão problemas de acesso às escolas. A nota destaca ainda que pais e alunos não terão perdas durante o movimento paredista “pois professores temporários e os que não entrarem em greve vão suprir a jornada”.

O outro lado

O UOL tentou localizar o prefeito Raimundo Macedo e a secretária de Educação do município, Célia Paiva, durante a tarde desta terça-feira (11), mas não conseguiu.

Em nota oficial, a prefeitura de Juazeiro informou que a reformulação do PCCR teve de ser feita para que as contas municipais pudessem fechar sem débitos e que atualmente para manter o pagamento dos professores como está “extrapola o limite de 60% dos recursos do Fundeb e deixa apenas 13% para investimentos no setor ao invés dos 40% definidos em lei”.

O prefeito Raimundo Macedo disse, em nota, que sua preocupação é pagar os salários dos servidores em dia e afirma que a gestão anterior deixou um débito de R$ 5 milhões para serem arcados pela sua administração.

A nota destaca ainda que a reforma do PCCR “em nada alteram a condição dos professores de Juazeiro em continuarem percebendo um dos maiores salários do magistério em nível de Ceará e desafia comparações. Nenhum professor terá seu salário reduzido, conforme garantia dada pelo próprio município.”

A procuradoria do município afirmou que “na realidade o que aconteceu foi a incorporação de 10% da gratificação ao salário base.”