Topo

Exame aplicado para médicos formados no exterior será testado em alunos do Brasil

Suellen Smosinski

Do UOL, em São Paulo

12/07/2013 10h17Atualizada em 12/07/2013 10h51

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão ligado ao MEC (Ministério da Educação), irá aplicar o Revalida (exame nacional que reconhece diplomas estrangeiros de medicina) para estudantes de instituições brasileiras, ainda no segundo semestre deste ano, para avaliar a qualidade da prova e testar se o exame está de acordo com o currículo das faculdades do país. 

Segundo o Inep, a prova será aplicada de maneira amostral aos alunos do 6º ano. O órgão informou que ainda não tem informações de quantos estudantes realizarão a prova e nem como serão escolhidos. O objetivo é que os estudantes que vão fazer a prova retratem a realidade do curso de medicina do Brasil. 

O Inep afirma que a intenção não é avaliar os alunos ou as instituições de ensino. A aplicação do pré-teste não deve ser interpretada como uma indicação de que o Revalida possa se tornar obrigatório para os formandos de medicina em cursos do país. 

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já havia afirmado no começo de junho que o exame deveria ser alterado e que uma das estratégias era calibrar a dificuldade das questões da prova de acordo com o desempenho de estudantes brasileiros.

"O padrão de cobrança dos médicos estrangeiros deve ser similar à formação dos brasileiros", disse Padilha na ocasião.

Programa Mais Médico

O Programa Mais Médicos, criado por medida provisória assinada na segunda-feira (8), ofertará bolsa federal de R$ 10 mil a médicos que atuarão na atenção básica da rede pública de saúde, sob a supervisão de instituições públicas de ensino.

Entenda a proposta

  • Arte/UOL

    Governo quer atrair médicos para as periferias e interior do país e adiciona dois anos aos cursos de medicina

Para selecionar os profissionais, serão lançados três editais: um para atração de médicos, outro para adesão dos municípios interessados em recebe-los, e um último para escolher as instituições supervisoras.

No caso dos médicos, poderão participar médicos formados no Brasil e também no exterior, que só serão chamados a ocupar as vagas que não tiverem sido preenchidas por brasileiros.

Só poderão participar médicos estrangeiros com conhecimento de língua portuguesa, com autorização para exercer medicina no seu país de origem e que forem de países onde a proporção de médicos para cada grupo de mil habitantes for superior à brasileira, hoje de 1,8 médicos para mil habitantes. 

Todos os médicos estrangeiros que venham atuar no país passarão por um curso de especialização em Atenção Básica e serão acompanhados por uma instituição de ensino.  Eles ficarão isentos de participar do Revalida e terão apenas registro temporário, para trabalhar no Brasil por período máximo de três anos e nos municípios para os quais forem designados. Os profissionais serão supervisionados por médicos brasileiros.

Aprovação de 10%

O Revalida tem um índice de aprovação de aproximadamente 10%. Em 2012, Bolívia, Cuba e Argentina representavam os três países mais escolhidos pelos brasileiros para tirar seus diplomas, segundo dados do Inep. 

Validação

  • 9,8%

    dos candidatos

    foram aprovados nas duas fases do exame Revalida em 2012

  • 782

    médicos

    compareceram à 1ª fase

  • 77

    candidatos

    foram aprovados

Fonte: Inep

    As críticas feitas ao Revalida são principalmente quanto à duração e ao formato das provas, consideradas exaustivas pelos candidatos ouvidos pelo UOL.

    "A parte teórica da 1° fase do exame dura oito horas. São provas objetivas de manhã e mais a dissertativa à tarde. Uma prova extensa como essa te vence pelo cansaço mental e físico", opina o brasileiro M.S, formado pela Elam (Escola Latino-Americana de Medicina), em Havana (Cuba), em 2012, e aprovado no mesmo ano no Revalida. "Os enunciados são enormes e fazem perder muito tempo. Deveriam ser mais objetivos."

    "As questões são simples, mas muito mal formuladas", diz a entrevistada com dupla cidadania boliviana e brasileira que não quer se identificar. Ela estudou medicina na Universidade Gama Filho, no Rio, transferiu a matrícula para a Universidad Católica Boliviana, completou seus estudos com um intercâmbio na França e tem seu diploma homologado pela Espanha.

    No Brasil desde 2010, não revalidou seu diploma. Foi reprovada em duas universidades federais e tenta a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) neste ano.