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Apenas 1,6% dos moradores de favelas concluem o ensino superior

Do UOL, em São Paulo

06/11/2013 10h00Atualizada em 06/11/2013 10h29

Apenas 1,6% dos moradores de favelas tinham curso superior completo em 2010 -- nas outras áreas, o percentual de conclusão é de 14,7%, um número considerado baixo. Os dados fazem parte da pesquisa “Áreas de Divulgação da Amostra para Aglomerados Subnormais”, divulgada na manhã desta quarta-feira (6). pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

O Sudeste é a região com o menor percentual de pessoas que moram em favelas e possuem curso superior completo – são apenas 1,2%, enquanto nas outras áreas da mesma região esse percentual é de 15,3%.

Em Niterói (RJ), por exemplo, de um total de 437.702 habitantes com dez anos ou mais, 116.814 já concluíram o ensino superior, o que representa 26,7% da população. Porém, do total dos moradores de Niterói, 67.208 são de favelas e apenas 1.273 já concluíram o ensino superior, ou seja, 1,89%.

  • Infografia/UOL

O mesmo cenário pode ser observado em Vitória (ES): são 288.346 habitantes com dez anos ou mais, sendo que 70.152 já terminaram o ensino superior (24,3%). Já nos aglomerados subnormais, são 21.805 moradores com dez anos ou mais e somente 459 concluíram o ensino superior, representando apenas 2,1% da população de favelas e 0,16% do total de moradores de Vitória. 

A maior diferença fica na região Sul: 1,7% dos moradores de aglomerados subnormais tem ensino superior completo, enquanto nas outras áreas 20% possuem graduação.

Creches e escola pública

Segundo o IBGE, 86,9% dos moradores de favelas estudam em creches ou escolas públicas. Enquanto isso, 63,7% dos moradores das demais áreas frequentam instituições públicas de ensino.

Os resultados abrangem todos os níveis da educação: creche, pré-escola, classe de alfabetização, alfabetização de jovens e adultos, ensino fundamental, ensino médio, superior de graduação e especialização de nível superior, mestrado ou doutorado. 

Em todas as regiões do país, a porcentagem de moradores dos chamados aglomerados subnormais (favelas, ocupações, palafitas, entre outros) que estuda em instituições públicas é maior do que a dos moradores de outras localidades. 

  • Infografia/UOL
A região Sul apresenta a maior diferença entre os moradores de favelas e os moradores de outras áreas que frequentam escola pública, 92% e 60% respectivamente. Já a região Norte tem a menor diferença: 83,2% dos moradores de favelas e 71,4% dos habitantes das outras áreas estudam em instituições públicas de ensino. 

O Nordeste apresenta o menor percentual de pessoas que frequentavam escola ou creche pública: 79,7% nas favelas e 57,8% nas outras áreas. 

Aglomerados subnormais 

A pesquisa “Áreas de Divulgação da Amostra para Aglomerados Subnormais” é baseada em um questionário específico aplicado em 6.192.332 domicílios, o que representa uma parcela de 5% a 50% da população, variando de acordo com o tamanho da cidade. Segundo o IBGE, foram levados em consideração apenas os municípios com mais de 400 domicílios em áreas de favelas. Por isso, apesar de haver 323 municípios com aglomerados subnormais no país, apenas 89 foram incluídos na amostra.

De acordo com o IBGE, em 2010, 6% da população do País (11.425.644 pessoas) morava em aglomerados subnormais, distribuída em 3.224.529 domicílios particulares ocupados (5,6% do Brasil). Os domicílios se concentravam na região Sudeste (49,8%), com destaque para o Estado de São Paulo, que congregava 23,2% dos domicílios do País, e o Estado do Rio de Janeiro, com 19,1%. Os estados da região Nordeste tinham 28,7% do total (9,4% na Bahia e 7,9% em Pernambuco). A região Norte reunia 14,4%, sendo 10,1% no Estado do Pará. Nas regiões Sul (5,3%) e Centro-Oeste (1,8%), a ocorrência era menor.

Ainda de acordo com o IBGE, aglomerado subnormal é um conjunto constituído de, no mínimo, 51 unidades habitacionais (barracos, casas, etc.) carentes, em sua maioria de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo ocupado, até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e estando dispostas, em geral, de forma desordenada e/ou densa.