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Feira de ciências tem transplante de pele suína e trem flutuante

Lucas Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

19/03/2014 08h07

Transplante de pele suína em humanos e trem flutuante são algumas das ideias apresentadas na 12ª Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia). A feira reúne projetos científicos de estudantes do ensino médio e acontece em São Paulo até quinta-feira (20).

A estudante Ângela Ferreira de Oliveira, da Escola Técnica Professor Carmelino Correira Júnior, de Franca (SP), criou uma técnica que torna a pele suína compatível para transplantes em seres humanos. 

Ela conta que, naturalmente, a pele de porco é 78% compatível, mas isso não é o bastante para evitar a rejeição em transplantes. No país, existem bancos de tecidos provenientes de doares humanos apenas em São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e no Recife.

O processo criado por ela, sob orientação da professora Joana D’Arc Félix de Sousa, consiste em duas etapas. Na primeira, a pele do suíno, depois de morto, é retirada e tratada com produtos químicos patenteados por Joana. Na outra, é inserido colágeno gelificado sustentável, produzido a partir de resíduos de wet-blue, um couro curtido.

A ideia do projeto surgiu quando o tio de uma amiga queimou 95% do corpo e ficou cego dos dois olhos ao escorregar com um balde de ácido sulfúrico. “O sistema imunológico dessa pessoa vai estar bem mais baixo”, analisa Ângela. “Com essa técnica, vamos poder ajudar várias pessoas que têm esse problema”.

'Levitotrem'

Vencedor de engenharia da MOP (Mostra Paulista de Ciências e Engenharia), o estudante catarinense Vitor Leite de Barros Heinzle, 17, foi convidado a participar da Febrace com o seu projeto "Levitotrem". 

Ele desenvolveu um protótipo de trem, que em vez de andar sobre os trilhos, flutua. “Meu transportador magnético se baseia no estudo do magnetismo. Ele levita em cima de dois trilhos magnéticos, que fazem com que ele não tenha atrito com o chão”, explica.

Segundo ele, o protótipo possui um sistema que torna o trem autônomo ao longo do percurso. “Com dois pares de sensores, ele consegue localizar o seu posicionamento e inverter o sentido do motor. Dessa forma, o operador não precisa interferir em nada no processo de movimentação”.

O projeto foi construído com madeira MDF, náilon e componentes eletrônicos para desenvolver a placa de circuito, além de um motor de aeromodelismo. A inovação seria eficaz do ponto de vista operacional, uma vez que diminui o consumo de energia. 

Outros projetos

Gabriel Nascimento de Oliveira, 16, e Cleiton Gomes dos Santos, 18, criaram um projeto de cão-guia robô, com utilização de comando de voz para auxiliar a locomoção de deficientes visuais.

"O protótipo tem sensores superior, frontal e inferior para identificar obstáculos aéreos, na frente e embaixo. Quando ele encontra um buraco, por exemplo, ele para, apita e desvia", conta Gabriel. A ideia surgiu a partir da situação de uma colega de escola, que acabou ficando deficiente visual após ter diabetes.

Já Paulo Fisch, 16, e Mateus Caruso, 16, inventaram um modelo que visa a melhoria do desempenho de uma aeronave por meio da troca da superfície normal da asa por uma semelhante à da bola de golfe, com "dimples", espécie de cavidades.

Os estudantes fizeram testes com modelos de asas feitos de argila, isopor e por fim com os dimples. O sucesso da experiência foi comprovado com um aeromodelo de controle remoto. Os "dimples" aumentaram a aderência do ar com a asa e as forças de empuxo e arrasto.

"O nome do projeto, Lapolla, foi uma homenagem a um professor de física da escola que nos deu apoio, mas infelizmente veio a falecer", conta Paulo.

Ciência e tecnologia

Na Febrace estão expostos 331 projetos selecionados de todas as áreas do conhecimento. O objetivo é apresentar ideias inovadoras dadas por alunos da educação básica. Os finalistas foram escolhidos entre mais de 1.800 trabalhos inscritos.

“Eles estão desenvolvendo métodos rigorosos para formular hipóteses e estratégias para resolver problemas. Esse processo é muito estimulante”, diz Roseli de Deus Lopes, coordenadora geral da Febrace, ao UOL.

Os melhores finalistas de cada categoria, que serão conhecidos na sexta-feira (21), ganharão medalhas e podem receber equipamentos, bolsas de estudo, estágios e certificados de diversas organizações em várias áreas científicas.

Além disso, 9 estudantes poderão representar o Brasil na Feira Internacional de Ciências e Engenharia da Intel, que irá acontecer entre os dias 11 e 16 de maio, em Los Angeles, nos Estados Unidos.

12ª Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia)
Quando: de 18 a 20 de março, das 14h às 19h
Quanto: Gratuito
Onde: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa 3, nº 380, Butantã)
Mais informações: http://febrace.org.br/