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Foi racismo, diz aluna que bateu na colega "por ser bonita" em Limeira (SP)

Estudante de 15 anos foi espancada dentro da sala de aula em Limeira (SP) em 8 de abril - Arquivo pessoal
Estudante de 15 anos foi espancada dentro da sala de aula em Limeira (SP) em 8 de abril Imagem: Arquivo pessoal

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana

16/05/2014 13h19

A defesa da adolescente de 14 anos que agrediu a colega de classe Ágatha Luana Roque, 15, dentro da sala de aula da Escola Estadual Castelo Branco, em Limeira, afirma que o caso foi motivado por ofensas raciais. Acusada de lesão corporal, a menor está apreendida em uma unidade da Fundação Casa e aguarda sentença judicial sobre o caso. A família da vítima nega a versão e mantém a informação de que o crime teria sido motivado pela inveja das meninas, causada pela beleza de Ágatha.

Segundo José Renato Pereira, advogado da menor de 14 anos, a agressão, ocorrida em 8 de abril, foi antecedida por uma série de ofensas raciais. A menor apreendida teria sido chamada por Ágatha de “neguinha do cabelo duro”. "Não foi só no dia da agressão, isso já vinha de antes. Minha cliente foi provocada, com insultos raciais. Há, no processo, testemunhas que comprovam isso”, disse.

Ainda de acordo com Pereira, a cliente dele está arrependida de ter batido na colega. “Ela tem 14 anos, sabe que o que fez não é correto, mas, na ocasião, motivada pelos insultos, acabou reagindo dessa forma. O que posso dizer é que ela está arrependida”, disse.

O advogado informou, no entanto, que não sabe se a cliente dele irá se desculpar pela ação. “Ela também foi agredida, só que verbalmente. O caso tomou uma proporção muito grande. E a Ágatha está sendo leviana. Como é tratada como vítima, está omitindo informações para prejudicar minha cliente. Posso dizer que ela está totalmente arrependida, mas não sei se haverá um pedido de desculpas”, disse.

Outro lado

Edineia de Marco, 33, mãe de Ágatha, rebate a versão do advogado. "No dia da audiência, ela acusou minha filha, mas é estranho. A menina não é nem negra, nem tem cabelo duro. Isso simplesmente não aconteceu”, disse.

Segundo Edineia, a declaração do advogado é encarada como uma estratégia da defesa. “No dia que ela apanhou, eu conversei com as duas meninas, perguntei o motivo da agressão, e elas não disseram nada disso. Disseram que o motivo foi minha filha ter saído da biblioteca e batido a porta na cara de uma das duas. Acho estranho essa história ter aparecido só agora”, disse.

Edineia também não crê no arrependimento da vítima. “Tenho mensagens trocadas entre as duas agressoras, dias depois de minha filha ter apanhado, onde elas diziam que deveriam ter batido mais nela. Que arrependimento é esse?”, conta.

Entenda o caso

Ágatha foi espancada por duas colegas de sala, com idades de 14 e 15 anos, na saída para o intervalo. A vítima sofreu traumatismo craniano por conta dos golpes. As acusadas também utilizaram uma tesoura para golpear a colega de classe. A ação foi filmada e as imagens utilizadas para identificar as autoras. Segundo a versão da família, a menina era vítima de bullying por parte das amigas por ser muito bonita.

O caso foi registrado na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), que solicitou que as duas agressoras fossem apreendidas na Fundação Casa, A Justiça acatou o pedido e as duas foram enviadas a uma unidade na capital. Uma das menores, que não tinha passagens anteriores, foi liberada e cumpre medida de recuperação em regime de liberdade assistida. A outra, de 14 anos, que já tinha passagem por lesão corporal, segue apreendida. Ela aguarda o pronunciamento da Justiça sobre sua situação, o que deve ocorrer nas próximas semanas.