Atraso tem causas sociais e escolares, diz secretária do MEC
A secretária de Educação Básica do MEC (Ministério da Educação), Maria Beatriz Luce, diz que o problema dos 8,5 milhões de alunos que estão na série errada no Brasil tem causas sociais e escolares. Por isso, ela defende: só uma política de Estado com articulação entre os diferentes entes da Federação e parcerias com a sociedade civil pode solucionar esse atraso.
“O MEC considera esse um problema razoavelmente bem diagnosticado e estamos diante de um desafio de qualidade, gestão e planejamento da educação e de atenção da sociedade”, afirma a secretária.
Luce defende a necessidade de uma ação integrada com secretarias de saúde e de assistência social, já que as condições de vida da criança dentro da comunidade influenciam no seu rendimento escolar e geram problemas, como faltas e abandono escolar. “No caso da família que tem dificuldades de atenção à saúde da criança desde o seu nascimento, os problemas também se manifestam na escola”, afirma a secretária.
Ela ainda diz que outros fatores sociais, como migração dos pais, trabalho, gravidez na adolescência e a (pouca) valorização pela família e pela comunidade do estudo e das atividades escolares, podem causar a repetência e o abandono da sala de aula.
Na escola
Entre os problemas escolares que levam à distorção entre idade e série ideal, Luce afirma que eles vão desde as condições estruturais do colégio até a valorização do professor. No campo e nas periferias das cidades, um dos fatores é a localização das escolas, que muitas vezes exige das crianças verdadeiras viagens até a sala de aula.
"Além do problema de infraestrura e localização das escolas, temos a falta de condições e de espaços necessários para um bom trabalho pedagógico. A escola não tem boas bibliotecas, espaços para aprender as diferentes áreas dos conhecimentos, não tem lugar de recreação", afirma a representante do MEC.
Outro item que tem influência direta no desempenho dos estudantes, afirma Luce, é a falta de professores concursados e estáveis, com a formação adequada para as aulas que leciona.
“Nós temos esse descompasso, que é a falta de correspondência entre e a idade e o ano escolar. A responsabilidade de solucionar esse problema é do governo federal e dos governos estaduais e municipais, junto com a sociedade. Não é só um problema de gestão do setor público, é uma questão das prioridades que a sociedade estabelece”, afirma a secretária.
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