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Para Consed, greve de professores teve impacto negativo nas notas do Ideb

Marcelle Souza

Do UOL, em São Paulo

05/09/2014 21h58Atualizada em 07/09/2014 12h52

Na avaliação do vice-presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação), Eduardo Deschamps, greves de professores de redes estaduais e municipais em todo o país tiveram impacto nas notas do Ideb 2013 (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), divulgadas nesta sexta-feira (5) pelo MEC (Ministério da Educação).

“O Consed sempre procurou chamar a atenção de que a Lei do Piso continha alguns problemas, alguns itens criaram uma expectativa excepcional nos professores, e nos últimos anos a gente viveu um permanente conflito entre sindicalistas e as secretarias, causando problemas sérios de gestão. E o meu entendimento é que esse número [de paralisações] deve ter tido algum impacto, mesmo que indireto nos resultados do Ideb desse ano”, afirma Deschamps, que também é secretário de Educação de Santa Catarina.

A Lei do Piso estabelece, entre outros itens, um piso salarial para todos os professores da educação básica da rede pública do país. Atualmente, o valor é de R$ R$ 1.697 por uma jornada de 40 horas semanais.

Culpa da Lei do Piso

Uma decisão dos ministros do STF (Supremo Tribunal federal) obriga a todos os entes federativos a cumprirem a lei desde 2011. Para Deschamps, a medida aumentou o número de greves de professores. Vários Estados e municípios ainda não cumprem a decisão. “Todos os Estados tiveram avanços salariais significativos ao longo dos últimos três anos, mas tivemos muitas paralisações nas redes estaduais”, afirma.

Segundo o secretário, as paralisações tiveram impactado as notas das escolas de todo o país. Os dados divulgados hoje mostram que o país só conseguiu bater a meta de qualidade nos primeiros anos do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano). Nas demais séries, o desempenho foi insatisfatório, ficando abaixo das projeções feitas para 2013.

Situação precária

“O motivo [do desempenho das escolas no Ideb] não é o número de greves, é a desmotivação dos professores, por conta da desvalorização. Junto com isso, falta estrutura nas escolas, faltam laboratórios, material didático, e muitos professores têm contratos temporários”, diz Marta Vanelli, secretária geral da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação).

A representante diz que os professores se sentem desvalorizados exatamente porque os Estados não cumprem o piso salarial e a jornada extraclasse. “Não é verdade que as greves tiveram impacto negativo no Ideb de 2013. O maior número de paralisações pela Lei do Piso ocorreu em 2011 e 2012”, afirma.