Sem receber salário, professor da Uerj diz que está com o aluguel atrasado
O professor da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Lucas Leal está com o aluguel atrasado e diz que só tem o que comer porque está usando o dinheiro da poupança. Ele, assim como outros funcionários da universidade, está com o salário atrasado devido a uma crise financeira que atinge a universidade.
Professor da Faculdade de Formação de Professores da Uerj há dois anos, Leal diz que esta não é a primeira vez que os salários atrasam e que há muitos professores substitutos desmotivados.
"Ano passado atrasaram os pagamentos de março, abril e maio. Toda vez que isso acontece, eu atraso o pagamento do meu aluguel. Esse ano aconteceu de novo. E olha que o ano mal começou. Se eu não tivesse caderneta de poupança, não teria dinheiro para comer", conta ele, que é morador da comunidade Parque da Cidade, na Gávea, zona sul carioca.
"Há dois anos sou professor substituto e todo este tempo foi de incertezas. Todo semestre tem um problema na Uerj. Já estamos quase em fevereiro e não recebemos o pagamento referente a dezembro. É absurdo", diz.
Contas no vermelho
No ano passado, o reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves, apontou um rombo de R$ 23 milhões no caixa da universidade e antecipou o recesso de fim de ano. Agora estudantes e funcionários estão sendo afetados pela crise.
Além do pagamento de bolsas de ajuda de custo para estudantes cotistas, no valor de R$ 400, que deveria ter sido feito até o dia 10 deste mês, também estão atrasados os salários de funcionários técnicos contratados da Uerj e do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (Colégio de Aplicação), pró-cientistas, estudantes de medicina residentes do Hospital Universitário Pedro Ernesto, além de professores substitutos e visitantes.
Para Leal, o prejuízo maior é dos alunos. "Essa irresponsabilidade com os nossos pagamentos desmotiva os professores. No ano passado, quando os salários atrasaram três meses, muitos só iam trabalhar em semanas alternadas e os estudantes foram prejudicados", conta ele, que se recusou a trabalhar no mês de janeiro.
"Quando voltei de recesso para retomar o semestre, descobri que não ia ter salário. Aí parei de trabalhar. Estou aguardando o dinheiro cair na conta. Preparo planos de aulas para cada disciplina, envio os textos digitalizados para os alunos que não podem xerocar. Faço a minha parte. O mínimo que eu posso esperar é o meu salário em troca, né?".
Atraso no pagamento
Em nota, a assessoria de imprensa da Uerj admitiu que as bolsas e os salários estão "com atraso de 18 dias", e informou que "emitiu todas as ordens de pagamento (PDs) à Secretaria de Estado de Fazenda para as providências financeiras cabíveis". A promessa, conforme o documento, é de que todos os pagamentos sejam feitos até dia 23.
A crise na universidade veio à tona no fim do mês passado quando o Hospital Universitário Pedro Ernesto perdeu cerca de 400 funcionários temporários, segundo estimativa do sindicato. Logo após este episódio, funcionários de limpeza de uma empresa terceirizada espalharam lixo por todo o campus, no Maracanã. Na ocasião, eles estavam com dois meses de salários atrasados.
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