Funcionários da Uerj fazem protesto contra falta de pagamento
Com o salário do mês de janeiro atrasado, cerca de 120 funcionários de uma empresa terceirizada que presta serviço de limpeza para a Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) fecharam parcialmente duas importantes vias da Zona Norte do Rio.
Aos gritos de "Chega de caô, terceirizado não trabalha de favor", o grupo caminhou pelas Ruas 28 de Setembro e Teodoro da Silva. Um dos funcionários mais antigos do grupo, Álvaro Sampaio, 54 anos, conta que não tem dinheiro para compras e para pagar a conta de luz.
"Não é a primeira vez que atrasam nosso pagamento. Mas das outras vezes o atraso não passava de dez dias. Dessa vez tá demais. Já vai vencer o pagamento de fevereiro e ainda não recebemos o de janeiro. Não tenho como viver só com ticket alimentação de R$190, porque sou responsável por três irmãos com necessidades especiais", conta o morador da Baixada Fluminense. "No mês passado, quando o salário atrasou, tive a luz cortada por falta de pagamento. Meu medo é cortarem minha luz de novo."
Com o cartão de crédito atrasado, Leila dos Santos Vidal, 53 anos, receia ter o nome negativado junto ao Serviço de Proteção do Crédito. "Os juros são altos e meu medo é que além do meu nome ficar sujo essa dívida está virando uma bola de neve. Vai só aumentando e quanto mais o pagamento demora pior fica a situação", queixa-se.
Mãe de dois filhos, Adriana Cristina Soares da Silva, 36 anos, conta que etá pegando dinheiro emprestado para sustentar as crianças e pagar aluguel.
"Pago R$ 350 de aluguel e peguei dinheiro emprestado para evitar ser despejada com dois filhos. Só que eu preciso pagar quem me emprestou e também fazer compras. Não dá mais para esperar. Não tem nem previsão de quando vão nos pagar."
Um dos diretores do Sindicato de Asseio e Conservação do Rio de Janeiro, Gilberto César de Alencar conta que o Hospital Pedro Ernesto está funcionando com apenas 30 % do número de auxiliar de serviços gerais. Ao todo, segundo ele, cerca de 400 funcionários atuam na unidade. "Os trabalhadores precisam de uma satisfação. Só queremos uma posição sobre o pagamento de trabalhadores."
Atraso no pagamento
Desde o dia 17 de dezembro do ano passado, veio a público a crise da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Na ocasião, funcionários da empresa terceirizada de limpeza espalharam lixo pelos corredores do campus Maracanã. Eles estavam com salários atrasados há dois meses. No dia seguinte, o reitor Ricardo Vieiralves informou, em nota, que as dívidas da instituição chegam a R$ 23 milhões. Na mesma época, o Hospital Universitário Pedro Ernesto perdeu cerca de 400 funcionários temporários, segundo estimativa de sindicato que atua na universidade.
Em nota, a assessoria de imprensa da Uerj admitiu que os salários estão em atraso e informou que "emitiu todas as ordens de pagamento (PDs) à Secretaria de Estado de Fazenda para as providências financeiras cabíveis". A promessa, segundo o documento, é que os pagamentos fossem feitos na última sexta-feira (23). No entanto, apenas os alunos bolsistas contam ter recebido o dinheiro.
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