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Escolas do Brasil usam plataforma portuguesa para ensinar empreendedorismo

Lucas Rodrigues

Do UOL, em Lisboa*

15/06/2015 16h45

A escola estadual Odilon Behrens, no município de Barão de Cocais, no interior de Minas Gerais, começou a usar no ano passado uma plataforma portuguesa para incorporar noções de empreendedorismo e desenvolver nos jovens habilidades socioemocionais. O projeto envolveu 120 alunos dos segundo e terceiro ano do ensino médio e os 80 estudantes da unidade rural da instituição.

E ela não é a única. Cerca de 400 alunos dos cursos de administração, marketing, serviços jurídicos, comunicação visual, canto, regência e dança de três unidades do Centro Paula Souza, em São Paulo, também utilizam a DreamShaper. Em Portugal, a empresa conta com 120 mil usuários; no Brasil, são 6 mil alunos de projetos piloto.

Miguel Queimado, CEO da empresa, acredita que o empreendedorismo deveria ser uma disciplina obrigatória. “Empreendedorismo te ensina a ter persistência e capacidade de resolver problemas. Pode te ajudar a fazer o Enem [Exame Nacional do Ensino Médio], conseguir um bom trabalho ou até mesmo a mulher dos seus sonhos”, brinca. “Por isso, não se trata apenas de capacitação para o mercado de trabalho”.

Ele diz que o percurso para introduzir a disciplina nas salas de aula ainda está bem no começo. “Há exceções. Pernambuco hoje conta com 100 mil alunos tendo empreendedorismo no ensino médio integral. O Ceará é outro exemplo.”

Sala de aula

No início do curso, os jovens se dividem em grupos e têm que formular projetos do interesse deles. Após a escolha do tema e da análise de sua viabilidade com os professores, os estudantes utilizam a plataforma online. Lá há um conjunto de perguntas, desafios ou jogos para direcionar a elaboração.

“É uma pergunta por tela. Se o aluno não souber responder, existem materiais pedagógicos, como vídeos de um minuto onde explicamos a pergunta. Há ainda exemplos de como outros projetos de natureza diferente responderam a essa questão específica”, explica Queimado.

Segundo Isabel Cristina Moreira Batista, professora de matemática em Barão de Cocais, os alunos passaram a ter mais interesse pelos assuntos propostos em sala de aula. “Um dos meus estudantes projetou uma livraria com café, porque considera que é preciso ler para mudar o mundo”, conta.

Queimado avalia que os professores não serão substituídos pelas novas tecnologias em sala de aula, mas faz ressalvas. “O professor que não incorporar essas novidades em seu processo pedagógico terá dificuldade para chamar a atenção dos alunos. Eles recebem as informações de uma forma diferente de quando eu estava na escola”, analisa.

*O jornalista viajou a convite da empresa.