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Em seu melhor desempenho, Brasil ganha prata na Copa do Mundo de Física

Equipe brasileira na Tailândia, onde foi disputada a Copa do Mundo de Física - Organização IYPT
Equipe brasileira na Tailândia, onde foi disputada a Copa do Mundo de Física Imagem: Organização IYPT

Hugo Araújo

Do UOL, em São Paulo

17/07/2015 17h38Atualizada em 17/07/2015 17h38

“Você tem que estar disposto a perder férias e boas noites de sono”. É assim que Diego Pinheiro de Moura, 17, define a preparação para o Torneio Internacional de Jovens Físicos (IYPT), também conhecido como Copa do Mundo de Física. A equipe brasileira formada por ele e outros quatro estudantes do ensino médio (Felipe D’Elia, Matheus Camacho, Thiago Bergamaschi e Thiago Kalife) conquistou a medalha de prata no torneio, ficando em 5º lugar na classificação geral. É a melhor marca do Brasil na competição.

O torneio, realizado em Nakhon Ratchasima, na Tailândia, é disputado entre 27 países de todos os continentes. A organização libera, com um ano de antecedência, uma lista com 17 problemas “abertos” – ou seja, sem resposta única. Em cada rodada da competição, três equipes se enfrentam: a relatora apresenta solução para o problema, a oponente aponta falhas e acertos na resolução e a avaliadora julga os dois grupos. Cada uma delas é avaliada por um júri, que atribui notas.
 
A complexidade dos problemas vai além do conteúdo do ensino básico. Estudante do 2º ano do ensino médio, Matheus Camacho, 16, realizou experimentos no laboratório de sua escola, além de ter pesquisado artigos científicos. “Os professores tiram as dúvidas. Aí você tem que realizar experiências e ir se virando, é tudo meio por conta própria”.
 
“Eu baixava uns artigos no celular, aí quando eu era dispensado da aula, ficava lendo”, conta Diego. Para ele, o trabalho em equipe foi essencial. “Dentro da equipe, todo mundo se apoia, se alguém está mais atrasado, com mais dificuldade. Eu também tive muita ajuda da equipe nacional [que é formada para disputar uma vaga na seleção que vai ao torneio]”.
 
Por se tratar de uma competição internacional, todas as apresentações são em inglês. “Eles têm que saber física, se apresentar, ter domínio psicológico, tudo isso com um inglês muito afiado”, afirma Ronaldo Fogo, coordenador de cursos especiais de física do Colégio Objetivo.
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Imagem: Organização IYPT

Experiência

Em oito anos, o Brasil teve uma grande ascensão no torneio: saiu do 17º lugar, em 2007, para a atual 5ª colocação. “Você não pode ir pensando só no resultado. Tem que pensar no que pode aprender: você assimila muitas coisas novas sobre física e ganha convivência”, afirma Diego.
 
“Fazendo contato com as pessoas você vê diferenças nos sistemas de educação, como cada país gerencia sua equipe. Alguns países tinham apoio de universidade [durante a preparação para o torneio], nós não temos”, explica o estudante.
 
“Os professores de outros países vendo o desempenho do Brasil mandam mensagens parabenizando”, conta o professor Ronaldo Fogo. “Nós temos material humano para ser uma potência educadora, falta só o apoio das autoridades”, avalia.