USP apresenta caminhão que anda 'sozinho'; pesquisa foi convênio com Scania
Um grupo de pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e representantes da Scania, fabricante de caminhões, apresentaram um caminhão que ‘anda sozinho’ na manhã da segunda-feira (21) em São Carlos.
Adaptado com um sistema computacional, o veículo consegue seguir por caminhos pré-determinados com autonomia. Os pesquisadores integraram sistemas de sensores, radares e antenas de GPS a um computador, que é responsável pelas “decisões” durante o percurso.
“Substituímos os pés e as mãos do motorista por sistemas de atuação mecânica e eletrônica. Depois, colocamos sensores para que atuassem como os olhos e os demais sentidos dos seres humanos. Mas a tarefa mais difícil é substituir nosso cérebro por meio do computador”, explicou o professor Denis Wolf, do ICMC (Insituto de Ciências Matemáticas e de Computação) da USP, em São Carlos.
A ideia não é substituir o motorista, dizem os responsáveis pelo projeto, mas aumentar as condições de segurança.
Convênio entre USP e iniciativa privada
Segundo Wolf, o convênio fez parte de um acordo do tipo em que todos ganham. Para os pesquisadores, o aporte de R$ 1,2 milhão e a disponibilização de dois caminhões e de informações técnicas ajudaram a agilizar o projeto. Em dois anos, o grupo foi dos estudos de automação à prova conceito (um caminhão funcionando com os sistemas elaborados pelos pesquisadores).
O objetivo agora, ele conta, é “dar robustez ao projeto”. Isso significa realizar mais testes com o caminhão, colocando-o em situações mais adversas -- os testes até agora foram feitos dentro do campus 2 da USP São Carlos. “Gostaria de ter 10 mil km [rodados com o caminhão]”, diz Wolf. O grupo de pesquisadores da USP é composto por cinco docentes e oitos alunos de graduação e pós-graduação da universidade.
Convênios desse tipo são comuns em outros países onde a companhia atua, explica Eduardo Silveira Oliveira, responsável pelo Departamento de Sistemas Elétricos Eletrônicos da Área de Engenharia de Desenvolvimento de Produto da Scania.
“Esse tipo de trabalho traz conhecimento para dentro da empresa e, ao mesmo tempo, permite aos alunos e professores envolvidos vivenciar desafios concretos da indústria”, afirma Rogério Rezende, diretor de Assuntos Institucionais e Governamentais da Scania na América Latina.
Wolf comenta que ainda há muita burocracia na instituição pública para a celebração desse tipo de acordo. “Precisa ser amadurecido [esse tipo de relação]”, afirma Wolf. Nesse convênio com a Scania não está estabelecido como se dará o registro de patente, por exemplo.
*A jornalista viajou a convite da Scania
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