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Federais chegam ao interior do Nordeste, mas ainda falta infraestrutura

Laboratório de química da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, no Ceará - Reprodução/Facebook Unilab
Laboratório de química da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, no Ceará Imagem: Reprodução/Facebook Unilab

Marcelle Souza

Do UOL, em São Paulo

14/09/2015 05h00

Uma pesquisa inédita da Fundação Joaquim Nabuco, ligada ao MEC (Ministério da Educação), mostra que as novas universidades federais criadas em cidades do interior do Nordeste ainda precisam melhorar em infraestrutura. Por outro lado, essas instituições permitiram a chegada de alunos pobres, vindos da escola pública, que se tornaram a primeira geração de universitários nas suas famílias.

A pesquisa investigou o processo de interiorização das instituições federais de ensino superior no Nordeste e foi realizada a partir de entrevistas com 1.628 alunos e 256 professores de 14 municípios nordestinos entre 2010 e 2014. Dos 100 novos campi criados entre 2003 até o final de 2011, 42 foram no Nordeste, todos em cidades do interior.

Alunos, servidores e funcionários ocuparam os novos prédios, mas bibliotecas, laboratórios e demais espaços de pesquisa ainda são considerados insuficientes pelos professores ouvidos pela pesquisa.

Segundo o estudo, 55,9% dos docentes acham que os títulos da biblioteca não são suficientes.

Questionados sobre a infraestrutura das instituições (o que inclui salas para grupos de pesquisa e atendimento a alunos), 3,9% professores responderam que são muito adequadas, 20,7% consideram os espaços adequados, 44,5%, razoáveis e 18,4% avaliaram as estruturas como ruins. Outros 12,1% disseram que elas não existem e 0,4% não responderam.

Sobre os espaços de realização de pesquisas, 1,6% avaliaram a infraestrutura como muito adequada, 15,6% como adequada, 31,6% disseram que são razoáveis e 29,7%, ruins. Outros 21,5% dos docentes disseram que essas estruturas não existem.

“A pesquisa também mostra a diferença entre os prédios que foram construídos para serem universidades e os que foram doados e adaptados para isso. Os prédios doados muitas vezes não têm espaço necessário para uma universidade funcionar adequadamente, o que às vezes dificulta a instalação de laboratórios e outros espaços de pesquisa acadêmica”, diz Patrícia Bandeira de Melo, coordenadora da pesquisa. “A leitura que a gente faz é que essa variação precisa ser observada pelos gestores”.

Expansão em processo

Sobre os problemas apontados pelos professores, o secretário executivo do MEC (Ministério da Educação), Luiz Cláudio Costa, disse que a expansão das instituições federais é um processo em andamento e que os problemas são pontuais e estão sendo solucionados pelas instituições.

“O MEC cumpriu todos os compromissos feitos com recursos e pessoal. A primeira coisa que nós precisamos foi fortalecer a importância dos professores e dos servidores. O número de obras é imenso, a gente avançou bastante. Existem problemas pontuais que precisam ser corrigidos, e a gente está fazendo muito esforço nisso. O mais importante é que nós começamos a saldar essa dívida de permitir mais jovens, principalmente de classe social menos favorecida, de estar no ensino superior. Se nós fossemos esperar a expansão perfeita, esse jovem ia ter que ficar fora [da universidade] esperando", disse secretário ao UOL.