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Devendo R$ 2 milhões em contas de água, UEM pode atrasar bolsa de pesquisa

Angelo Miloch

Colaboração para o UOL, em Maringá (PR)

27/04/2016 18h42

Por causa da crise, as bolsas destinadas a projetos de pesquisa da UEM (Universidade Estadual de Maringá) “correm o risco” de não serem pagas, segundo o reitor da instituição, Mauro Baesso. O dirigente alega “dificuldade” nos repasses do governo estadual.

Para se ter uma ideia do tamanho do problema financeiro, a instituição acumula, desde o ano passado, R$ 2,06 milhões em contas de água atrasadas. 

“Temos R$ 20 milhões de convênios na conta desde janeiro, mas que não são liberados”, afirma Baesso. Ele critica a gestão que a Secretaria da Fazenda do Paraná faz dos recursos próprios da instituição, como esses captados por meio de projetos de pesquisa.

Apesar de a verba ser da universidade, sua utilização depende da aprovação da Fazenda. Nesta quarta (27), a secretaria liberou metade dessa verba, R$ 10,4 milhões. Segundo Baesso, metade desse valor é destinado ao HU (Hospital Universitário).

Por causa da situação, o reitor não descarta a possibilidade de atraso nas bolsas de acadêmicos pesquisadores. “Os recursos que a universidade gera são direcionados. Uma parte é usada para pagamento de bolsa dos alunos, mas nós não podemos fazer o pagamento. Corre-se o risco de não pagarmos via recursos próprios [uma vez que a liberação da verba depende da secretaria da Fazenda]”, explica.

A Secretaria da Fazenda informou, por meio de nota, que as universidades fizeram fechamento da contabilidade agora, em abril: “A partir daí que se apura o superávit financeiro. Agora, a Secretaria de Estado da Fazenda está aguardando a proposta de aplicação de recursos pelas universidades.” Isso significa que esses cálculos não afetam as bolsas.

A pasta da Fazenda confirmou que há R$ 20 milhões em recursos na conta da UEM e que cabe à universidade pagar os bolsistas.

“Poderia ser mais simples se tivesse uma gestão mais independente dos recursos próprios”, ressaltou Baesso.

As verbas da UEM passam por corte desde 2015: R$ 8 milhões em 2015 e outros R$ 8 milhões em 2016, de um total de R$ 24 milhões anuais. Além do corte, os repasses estão atrasados. E o reitor teme não ter recursos para repor, por exemplo, itens para pesquisa: “Logo começa a terminar os produtos de laboratório e que podem afetar o funcionamento da universidade”.

Sem pagar a água

Há seis contas de água da UEM atrasadas. Os valores somam R$ 2,066 milhões segundo empenhos referentes a serviços de água e esgoto publicados no Portal da Transparência da instituição. Baesso estimou em R$ 300 mil cada uma das seis contas. Ele disse que os atrasos começaram no final de 2015.

“Estamos com dificuldades desde o ano passado, quando tínhamos uma previsão de repasses de R$ 24 milhões, mas que foi cortado”.

“Não é uma situação confortável não. Hoje, nem o carro que é usado para transportar o corpo docente no campis e que está quebrado eu posso fazer o conserto”, relatou Baesso. Segundo o professor, a situação “ficou mais complicada” este ano.

Sobre as contas de água atrasadas, a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná informou ter iniciado diálogo junto  à Sanepar e a reitoria da UEM para fazer o pagamento “o mais breve possível”. A Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), gestora dos serviços de água e esgoto em Maringá, informou que o fornecimento de água não será interrompido na UEM.