Topo

Em escola técnica ocupada, agressões e boatos dividem alunos

Equipe flagrou briga na Basilides

redetv

Karina Yamamoto

Do UOL, em Sâo Paulo

12/05/2016 15h03

Os alunos da Escola Técnica (Etec) Basilides de Godoy estão com as aulas paralisadas desde o dia 3 de maio, quando um grupo de alunos ocupou a escola no meio da madrugada da terça-feira.

De lá para cá, alunos contra e a favor da ocupação têm tido uma convivência difícil-- cada um defendendo os seus direitos.

Um grupo considera que a ocupação é a melhor maneira de conseguir alimentação nas etecs para os alunos do período integral e de lutar a favor da qualidade da educação que recebem. Eles se baseiam em uma assembleia feita no dia 2 de maio para manter a legitimidade do movimento-- tinham 5% de presença dos alunos quando a decisão foi votada.

A outra turma até considera justa a reivindicação, mas não querem perder aula de olho no curto recesso de julho, 15 dias. É comum ouvir o argumento de que eles não podem abrir mão da formação profissional conquistada por meio de aprovação em vestibulinho.

"Como é que a gente vai conviver depois disso?", questiona uma estudante das ocupações.

Agressões

O perfil das turmas do ensino médio integrado, em que os estudantes fazem o ensino médio e a formação técnica ao mesmo tempo, e as salas do técnico noturno é um pouco diferente: os primeiros são jovens, em sua maioria, enquanto os últimos são adultos que correm atrás da escolarização que não aconteceu na idade considerada adequada.

Um pouco por isso-- e outro tanto por conta de informações desencontradas trocadas por mensagem de celular-- o horário de entrada do noturno tem sido o momento de discussões e mesmo de agressões físicas entre eles.

Desde o primeiro dia de ocupação já foram registradas agressões físicas em pelo menos duas ocasiões: na última sexta, dia 6, quando os estudantes da ocupação liberaram a entrada dos colegas do noturno mas foram encurralados na entrada do auditório, o local em que os manifestantes estão dormindo.

"Fizemos uma corrente humana com as meninas achando que eles não iam bater", conta Cris, uma adolescente de pouco mais de 1,50m. "Mas eles prensaram a gente na porta, uma menina meio que desmaiou e eles cuspiram na cara dela", diz a representante da ocupação que estava reclamando do ombro dolorido três dias depois.

"Os covardes colocaram as meninas na frente, aquele bando de marmanjo não enfrentou a gente", conta um aluno que não quis se identificar. "A gente não bateu nelas, só deu uns empurrões."

Na noite em que a reportagem esteve na escola, no dia 9 de maio, mais um confronto acabara de acontecer: um grupo de alunos tentou pular um portão enquanto estava acontecendo uma negociação para eles entrarem.

Uma cadeira voou para cima de quem estava tentando entrar. Uma equipe de jornalismo da Rede TV! estava lá e registrou o momento.

Boatos

Os grupos trocam muitas mensagens pelo WhatsApp e é comum que as informações se desencontrem.

Na segunda-feira de manhã, por exemplo, uma sala de alunos compareceu em peso por terem sido avisados de que haveria uma assembleia para decidir a desocupação da escola.

Mas ninguém da ocupação havia marcado. Nem o pessoal que apareceu na porta da escola sabia dizer a origem exata da informação.

Na tarde desta quinta, 12, a reportagem foi avisada de que os alunos do noturno estariam sendo "convocados para tomar a escola à noite". Mas, também, sem informações precisas sobre quem da direção teria mandado a mensagem. 

Segundo a assessoria de imprensa, "o Centro Paula Souza não deu quaisquer orientações aos docentes sobre como se posicionar em relação às ocupações".