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Sem acordo, estudantes decidem manter ocupação de 54 escolas no Ceará

Caic Maria Alves Carioca foi a primeira escola a ser ocupada em Fortaleza, no dia 28 de abril - Coletivo Pode Crer/Divulgação
Caic Maria Alves Carioca foi a primeira escola a ser ocupada em Fortaleza, no dia 28 de abril Imagem: Coletivo Pode Crer/Divulgação

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió (AL)

25/05/2016 18h06Atualizada em 02/06/2016 14h44

As ocupações nas escolas da rede estadual de ensino do Ceará continuam. A reunião entre os representantes dos estudantes e a Seduc (Secretaria da Educação do Ceará), intermediada pelo MPE (Ministério Público Estadual), nesta quarta-feira (25), não chegou a acordo para que os prédios fossem desocupados.

Ao todo, são 54 escolas ocupadas em todo o Estado -- sendo 36 localizadas em Fortaleza (CE).  O Ceará possui 709 escolas estaduais.

Cerca de 300 estudantes participam dos protestos e contam com ajuda de pais, funcionários das escolas e professores para manter os prédios ocupados. Até agora, segundo a Seduc (Secretaria da Educação do Ceará), não houve incidentes que necessitassem a presença da polícia nas escolas.

Também nesta quarta-feira, professores da rede estadual de ensino do Ceará decidiram, em assembleia, manter a paralisação por tempo indeterminado para pressionar do governo do Estado sobre o reajuste salarial da categoria.

"Cobramos do governador uma posição sobre a recomposição salarial que passa pelo reajuste diferenciado e pelo reajuste geral. Chamamos outras entidades para a luta porque precisamos de maior amplitude e maior unidade. Sabemos que não resolvemos as questões gerais mais importantes apenas com a luta local, precisamos do apoio de sindicatos nacionais", disse o presidente do sindicato Apeoc, Anízio Melo.

O secretário da Educação, Idilvan Alencar, afirmou que apresentou as propostas da Seduc para as reivindicações comuns aos estudantes: alimentação escolar, infraestrutura das escolas, equipamentos e a criação de um espaço permanente de diálogo.

“Nós estamos recebendo esses alunos desde o início das ocupações. Em momento algum pediremos a reintegração de posse dos prédios porque as escolas são ambientes dos alunos e estamos abertos ao diálogo para resolver da melhor forma”, disse o secretário.

A Seduc informou que realizou diversas reuniões com a categoria para dialogar sobre as reivindicações e apresentou respostas às demandas, anunciando investimentos e celeridade para 26 pontos de pauta, inclusive benefícios para os professores. O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), vai se pronunciar sobre o reajuste para os servidores estaduais no dia 6 de junho.

Reivindicações

A paralisação dos professores começou no dia 20 de abril, mas só foi oficializada cinco dias depois. A greve deixa 445 mil estudantes estão sem aulas. Os professores pedem reajuste salarial de 12,67%; melhorias nas condições de ensino e nas estruturas das escolas; liberação de processos relativos à estabilidade, ascensão funcional e progressão; manutenção e ampliação dos espaços pedagógicos; e regulamentação do pagamento da verba da merenda escolar, que atualmente é de R$ 0,31 por aluno.

Já os estudantes reivindicam, em geral, reforma nas escolas; implantação do passe livre; diversificação no cardápio da merenda e aumento na quantidade da alimentação fornecida pelas escolas. Eles destacam também que as ocupações ocorrem em apoio à greve dos professores da rede estadual de ensino.

O Caic Maria Alves Carioca foi a primeira escola a ser ocupada em Fortaleza, no dia 28 de abril. No mesmo dia, estudantes da escola Presidente Geisel, no bairro Santa Tereza, em Juazeiro do Norte, também ocuparam o prédio da unidade de ensino. Depois das duas ocupações, alunos de outras escolas decidiram aderir ao movimento.

Algumas escolas contam com a presença de pais de alunos durante as ocupações. Enquanto estão sem aulas, estudantes realizam oficinas de artes, seminários de temas diversos e limpeza das unidades escolares.