Polícia apreende 33 jovens por invasão à Secretaria da Fazenda do RS

A Brigada Militar apreendeu 33 adolescentes que ocuparam o prédio da Sefaz (Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul) na manhã desta quarta-feira (15) em uma ação tumultuada no centro de Porto Alegre (RS). Outros dez adultos foram detidos.

Os jovens são estudantes secundaristas contrários ao acordo firmado entre entidades estudantis e governo do Rio Grande do Sul, que determinou a liberação das escolas ocupadas e da Assembleia Legislativa.

Houve troca de empurrões, arremessos de objetos contra os policiais, que responderam com bombas de efeito moral e spray de pimenta.

Conforme o comandante do policiamento da capital, tenente-coronel Mario Ikeda, o uso da força por parte da polícia foi necessário. "Eles não aceitaram sair pacificamente, resistiram, e retiramos um a um, buscando manter sua integridade física", avaliou.

Dois micro-ônibus com os presos e apreendidos chegaram à Deca (Delegacia de Polícia Para a Criança e o Adolescente) para identificação por volta das 12h30.

Relatos de truculência

A ação dos policiais está sendo alvo de críticas nas redes sociais. Estudantes favoráveis às ocupações, alguns professores e municipários - que apoiaram do lado de fora os manifestantes - avaliam como truculenta e desproporcional a reação da Brigada Militar ao desocupar o prédio.

No meio da tarde, vídeos e imagens postadas por manifestantes mostrando violência por parte da polícia começaram a aparecer. Algumas imagens feitas por celular mostram os policiais atingindo os jovens sentados no chão com spray de pimenta. 

De acordo com a presidente do Cedica (Conselho Estadual da Criança e do Adolescente), Marta Nilene Gomes, houve uma reação "proporcional" dos policiais: "Houve tentativa de negociação antes da entrada dos policiais. Depois acompanhamos todos dentro dos micro-ônibus até a delegacia. Todos estavam bem assistidos. Na Deca, os conselheiros tutelares foram comunicando os pais sobre as apreensões".

Jornalista detido

No final da tarde, a delegada Andrea Nicotti indiciou os dez adultos presos por dano qualificado contra o patrimônio público, associação criminosa, esbulho possessório, crime contra organização de trabalho e corrupção de menores. Segundo ela, a conclusão foi baseada em testemunhos e imagens internas do prédio.

Entre os detidos está o repórter Matheus Chaparini, do Jornal Já, de Porto Alegre, foi detido. Segundo relato do seu editor, o jornalista Elmar Bones, no momento da prisão ele se identificou como profissional da imprensa, mas, mesmo assim, foi preso. Sua defesa está aguardando um parecer da Justiça para que ele sela libertado, antes de ser conduzido ao Presídio Central.