Alunos ocupam três campi da UFRGS, mas mantêm aulas de cursinho para o Enem

Desde a noite dessa segunda-feira (31), alunos de 20 cursos da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ocupam prédios da instituição para protestar contra a PEC do Teto (que estabelece limite para o teto de gastos federais), a reforma do ensino médio e o projeto "Escola Sem Partido". Mais assembleias estudantis ocorrem nesta terça-feira, aumentando a possibilidade de outros prédios serem ocupados.

Aderiram às ocupações dos imóveis estudantes tanto dos campi Central e do Vale, em Porto Alegre, quanto do campus Litoral Norte. Além da UFRGS, quatro unidades do IFSul (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense) espalhadas pelo Estado, além da reitoria, também estão ocupadas pelos estudantes.

O primeiro curso da UFRGS que decidiu em assembleia pela ocupação de seu prédio foi o de Letras, na capital, na semana passada. Em seguida, estudantes de Biologia Marinha, Bacharelado Interdisciplinar e Educação do Campo, no litoral, seguiram os mesmos passos.

Na noite dessa segunda-feira, outros cursos em Porto Alegre aprovaram a ocupação. Conforme os estudantes, a tendência é que mais prédios sejam ocupados, já que ao longo do dia, outras assembleias são realizadas.

"Alguns cursos mais conservadores, como medicina, estão demorando mais a se decidir, mas a tendência é aumentar a adesão. O campus do Vale está quase todo ocupado", diz o estudante de Filosofia que se identificou apenas como Carl.

Os alunos dizem que o Enem não será prejudicado. Na UFRGS, por exemplo, o cursinho para o exame está acontecendo. "Entendemos essa necessidade e abrimos essa exceção", disse.

"Estão sendo ministradas aulas de reforço [nos prédios ocupados] para o Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] junto aos estudantes secundaristas. Como as ocupações foram se dando gradualmente, não deu tempo de uma organização maior. A ideia é ter essas atividades, até porque é característica dessas ocupações. Estamos ministrando aulas públicas sobre as PECs, por exemplo", afirmou.

Os estudantes garantem que as ocupações não impedirão a realização do Enem no próximo fim de semana. A justificativa é que as provas sejam realizadas assim como ocorreu com o 2º turno das eleições municipais em alguns Estados, onde os TREs alteraram os locais de votação.

Comando geral é criado

Em nova assembleia realizada pela ocupação do curso de Letras, nessa segunda-feira, foi decidida a proposta de criação de um comando geral das ocupações da UFRGS.

O objetivo é definir os rumos do movimento, com a implementação de políticas conjuntas de comunicação e segurança, e auxiliar outros cursos a entrarem na mobilização.

No caso do IFSul, há ocupações nos campi de Charqueadas, Camaquã, Bagé e Sapucaia do Sul. Ontem, após a desocupação do campus Pelotas, estudantes da unidade ocuparam a reitoria do instituto, na mesma cidade.

Segundo nota divulgada pelo IFSul, "com a ocupação da reitoria e dos demais campi, o instituto reafirma a sua postura de diálogo e proximidade com os estudantes, a fim de realizar as negociações da melhor forma possível, priorizando a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos, bem como o bom uso do espaço público. Entre os principais objetivos das negociações realizadas com estudantes está a manutenção dos serviços essenciais do IFSul durante o período de ocupação para reduzir os impactos pedagógicos e administrativos da ação".