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Inovação em diferentes momentos

Lucila Cano

15/07/2016 13h01

Nas ruas, deparo-me com pessoas que buscam se destacar no meio de carros parados por força de congestionamentos, ou troca de luzes do semáforo mais próximo. São malabaristas ou vendedores de esquina, jovens na maioria, que vestiram uma roupa mais chamativa, um nariz de palhaço, um paletó apertado, um chapéu-coco, uma gravata borboleta.

Eles se contorcem no malabarismo de bastões e bolas. Outros vendem frutas, doces, amendoim, água e refrigerantes. Todos disputam espaço com pedintes e vendedores mais antigos, daqueles que ainda oferecem brinquedos baratos, panos e fios para carregar bateria de celular. São jovens desempregados que fazem “bicos” para conseguir algum dinheiro e ajudar nas despesas de casa. São jovens fora da escola.

As cenas se repetem todos os dias e há dias em que a sensação é de que a concorrência das ruas aumenta, com mais jovens usando da criatividade para se diferenciar e conquistar consumidores no mercado a céu aberto das grandes cidades. Até quando?

Incentivo

Na semana de publicação deste texto já teremos o resultado do Prêmio Impacto na Comunidade, promovido pela Google Science Fair. A competição online e global de ciência e tecnologia para jovens entre 13 e 18 anos de idade divulga os vencedores regionais na segunda-feira, 18 de julho. Ao todo, concorrem estudantes de cinco regiões: África e Oriente Médio; Pacífico Asiático; Europa; América Latina e América do Norte.

Não importa. A cobertura diária da Imprensa dará o devido destaque aos jovens vencedores dessa etapa do Prêmio. Até porque, entre os cinco representantes da América Latina, dois dos projetos finalistas são brasileiros.

Sobre os projetos e seus jovens realizadores, importa, sim, destacar as ideias inovadoras, mesmo que eles não sejam eleitos para a fase final da premiação, que deve ocorrer em setembro, nos Estados Unidos.

De Fortaleza, João Gabriel Stefani Antunes (15 anos), estudante da 1ª. série do Ensino Médio e do curso preparatório para o vestibular do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), e Letícia Pereira de Souza (18 anos), diplomada pelo Colégio Ari de Sá em 2015 e atualmente estudando na Universidade de Stanford (EUA), pesquisaram o uso da semente da planta “moringa oleífera” para filtrar águas contaminadas. Assim, com uma técnica de baixo custo e a partir de um produto da natureza, eles propõem um processo de filtragem biodegradável para transformar água poluída em água potável.

De Barra do Garças (MT), Kemilly Barros Virrissimo (17 anos), estudante do Ensino Médio de escola pública e participante do Prêmio Jovem Cientista em 2014, apresentou uma alternativa sustentável para substituir embalagens de plástico e isopor, usadas para acondicionar alimentos nos supermercados. A base de sua pesquisa é o “buriti”, planta de origem indígena da qual se produz cosméticos, cestos e, inclusive, doces saborosos.

Em contraste com aqueles que estão fora da escola, esses que têm a oportunidade de estudar nos dão mostras cabais de que onde há educação há perspectivas de melhores condições de vida para todos.

Voluntariado a distância

Enquanto isso, a ONG Vaga Lume, que cria bibliotecas comunitárias na Amazônia Legal brasileira, busca voluntários para transcrever as histórias gravadas sobre a vida dos voluntários dessas bibliotecas. O projeto “Transcreva Histórias” gravou 112 entrevistas e delas selecionou 91 para serem transcritas.

Cada voluntário recebe um pacote com áudio de até uma hora para transcrição, além de um manual para auxiliar o trabalho, que deve ser feito em até um mês. As transcrições concluídas serão impressas e enviadas aos respectivos depoentes. Também comporão o acervo de histórias da Associação Vaga Lume, o qual poderá ser objeto de futuros projetos e publicações.

Quem quiser participar do projeto, deve ter acesso à Internet e enviar um e-mail para carolina@vagalume.org.br, para mais informações.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.