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Balé - Dança acompanha estética modernista

Valéria Peixoto de Alencar*, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Em 1916, Sergei Pavlovich Diaguilev, diretor da companhia de balé Ballets Russes, iniciou o projeto de um novo espetáculo: Parade. Pediu o argumento a Jean Cocteau, a música ao compositor Erick Satie e a coreografia a Léonide Massine. Também convidou o artista Pablo Picasso a ingressar no projeto, encomendando-lhe o cenário, os figurinos e um pano de boca, uma espécie de cortina que abre o espetáculo.



Reprodução
Pablo Picasso. Pano de boca de cena para o balé Parade, 1917. 1050 x 1640 cm

O balé idealizado por Cocteau tem como tema uma festa popular parisiense, um espectáculo com palhaços e acrobatas: um circo chega à cidade e, para atrair o público, os artistas se apresentam, fazem demonstrações dos seus respectivos números. Mas um sentimento de discordância entre a vida do circo e a da cidade perpassa todo o balé.

Seguindo a estética modernista, a música e a coreografia romperam com a tradição do balé clássico europeu. Observe o figurino a seguir:



Reprodução
Pablo Picasso. Figurino para o balé Parade, 1917

Você pode imaginar os movimentos que um dançarino conseguiria executar usando esse traje? Sem dúvida, bem diferente dos tradicionais saltos e rodopios dos bailarinos clássicos.

O balé Parade estreou em 18 de maio de 1917, espetáculo que o poeta Apollinaire qualificou como sur-réaliste (expressão que daria origem ao termo "surrealista". Tratava-se de um gênero de dança inédito, que associava naturalismo e cubismo, narrando toda a complexidade de olhar que o artista dirige ao mundo.

Parade inaugurou uma série de balés em que Picasso colaborou até 1924, entre eles Pulcinella (1920) e Mercure (1924), obra que consagrou seu trabalho cênico.