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Briófitas - Conheça os vegetais mais antigos do mundo

Alice Dantas Brites

Atualizado em 21/08/2012, às 9h09.

Você pode achar que as briófitas são plantinhas pequenas e insignificantes. Mas aposto que não sabia que elas representam os vegetais mais antigos e que seus ancestrais provavelmente encontram-se na base da evolução de todas as plantas terrestres. Outro fato que você provavelmente não sabia é que existe uma espécie de musgo que, somando suas áreas de ocorrência ao redor do mundo, pode ser considerada como a planta mais abundante da superfície do planeta.

A maioria das briófitas ocorre em ambientes úmidos; poucas são aquáticas. Mas algumas espécies podem se desenvolver em ambientes inóspitos como desertos, o gelo dos círculos polares e rochas nuas. Estas últimas são chamadas de espécies pioneiras. Ou seja, são plantas que se desenvolvem primeiro durante a colonização de um substrato, criando condições para o desenvolvimento posterior de outros organismos.

São plantas avasculares, ou seja, não possuem vasos condutores de seiva (xilema e floema). São consideradas como intermediárias entre as algas verdes e as plantas vasculares. Elas compartilham algumas características com as algas, como, por exemplo, uma estrutura similar do cloroplasto. Porém, diferentemente destas, as briófitas já apresentam alguma organização tecidual.

As briófitas são as primeiras plantas adaptadas à vida terrestre. Para viver no meio terrestre são necessárias adaptações às condições desse meio. Uma delas é evitar a perda de água pela evaporação que ocorre na superfície da planta em contato com o ar. Para isso, as plantas terrestres apresentam, entre outras adaptações, um revestimento protetor sobre a epiderme, chamado cutícula. As plantas terrestres precisam também se fixar ao substrato. No caso das briófitas, quem realiza esta função são estruturas chamadas rizóides.

Como as briófitas não possuem sistema vascular, o transporte de água e nutrientes tem de ser feito célula a célula, através de, respectivamente, osmose e difusão. Essa característica faz com que seu tamanho seja reduzido, pois esse sistema não permite transportar a seiva por longas distâncias de maneira rápida e eficiente.

A classificação das briófitas

As briófitas costumam ser divididas em três grupos: Hepaticae, Anthocerotae e Musci. A seguir, vermos um pouco sobre cada uma deles.

Hepaticae

O grupo é representado por cerca de 10.000 espécies que estão entre as briófitas mais simples e de menor porte. O nome Hepaticae vem do grego hepatos, que significa fígado. Isso porque essas briófitas possuem um formato que lembra tal órgão. Elas ocorrem em ambientes terrestres úmidos, na superfície de rochas, troncos de árvores e algumas poucas espécies crescem na água.

Anthocerotae

É o grupo que apresenta o menor número de espécies, cerca de 300. São briófitas pequenas e com o gametófito em forma de roseta. Ocorrem em ambientes terrestres úmidos, sendo que um gênero, o Anthoceros, é muito abundante no Brasil.

Musci

São as briófitas popularmente chamadas de musgos. É o maior grupo, já foram descritas mais de 14.000 espécies de musgos. Possuem uma grande variedade de formas e ocorrem em diversos ambientes, como terrestres úmidos, locais secos, nos círculos polares e existem também algumas espécies aquáticas.

Um gênero importante de musgo é o Sphangnum, popularmente chamado de musgo de turfeira, ou turfa. Se somarmos a sua ocorrência ao redor do mundo, iremos constatar que ele ocupa cerca de 1% da superfície da Terra. Isto o coloca entre as plantas mais abundantes do planeta.

As regiões onde esse musgo ocorre são de grande importância ecológica, pois trata-se de um gênero capaz de armazenar uma grande quantidade de carbono, sendo importante para o ciclo desse elemento. A massa formada pela mistura do musgo com outras pequenas plantas é chamada de turfa. Devido ao seu alto teor de carbono, a turfa é altamente combustível, sendo empregada em muitos países, tanto nas indústrias quanto para o aquecimento de casas.

Reprodução das briófitas

Algumas espécies de briófitas apresentam reprodução assexuada. Esta se dá através da formação de propágulos no interior de estruturas presentes na planta-mãe. Os propágulos se desprendem da planta-mãe e se dispersam através de gotas ou respingos de água. Ao atingir um novo substrato, o propágulo se desenvolve e origina um novo indivíduo adulto.

Mas a maioria das espécies apresenta reprodução sexuada. Na reprodução sexuada das briófitas ocorre a alternância de duas gerações: uma esporofítica (produz esporos) e outra gametofítica (produz gametas). A geração esporofítica é diplóide (2n) e, dependente da geração gametofítica, fase haplóide (n).

A seguir, veremos a reprodução dos musgos, que é o grupo mais abundante e conhecido.

O gametófito masculino apresenta, em seu ápice, uma estrutura denominada anterídio. No interior do anterídio são produzidos os gametas masculinos chamados de anterozóides. Estes possuem flagelos e são capazes de se mover na água. O gametófito feminino produz seus gametas, chamados de oosferas, no interior do arquegônio. Quando chove ou quando o musgo é atingido por borrifos de água, os anterozóides atingem a planta feminina e se movimentam até o interior do arquegônio, onde fecundam a oosfera.

Da fecundação se origina o zigoto, que irá se desenvolver sobre o gametófito feminino, originando o esporófito. Quando o esporófito atinge a maturidade, uma cápsula se forma em seu ápice - e as células no seu interior sofrem meiose, originando esporos haplóides. Os esporos são liberados no ambiente e, quando atingem um substrato adequado, germinam, originando um novo gametófito e fechando o ciclo.

Uma das grandes diferenças entre as briófitas e as plantas vasculares está no ciclo reprodutivo das duas. As briófitas são as únicas plantas que possuem a estrutura o esporófito ligado ao gametófito e menor do que este. Nas plantas vasculares ocorre o contrário: o esporófito é dominante e de vida livre.

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