O príncipe Lagartão - Quem não chora não mama!
Há muitos e muitos anos, um rei e uma rainha desejavam ardentemente ter um filho. Tentaram durante longo tempo, mas apesar de todas as poções mágicas e de todos os feitiços, não conseguiam realizar esse sonho. Um dia, a rainha, sentindo-se envelhecer, desesperada, implorou a Deus: – Senhor, conceda-me a graça de ter um filho, mesmo que seja um lagarto!
As semanas passaram e, de fato, ela sentiu que estava grávida. Nove meses depois, para alegria dos soberanos e de todo o reino, nasceu o herdeiro: não uma criança, mas um lagarto.
Pouco depois de nascer, aninhado em seu berço, o bicho-criança, escamoso e verde, chorava de fome. A ama de leite foi chamada e deu-lhe o peito. Mas o lagarto, logo na primeira tentativa que fez para sugar o alimento, arrancou-lhe, com a força das mandíbulas, o bico do seio. Enlouquecida de dor, aos prantos, a pobre mulher foi atendida pelo médico da corte.
Nova ama foi chamada, pois o lagarto continuava a chorar. E mais uma vez o príncipe Lagartão (como passou a ser chamado, carinhosamente, pelos pais) rasgou-lhe o bico do seio. Num único dia, 367 mulheres, tentando alimentar o herdeiro do trono, foram mutiladas. Os berros do lagarto já podiam ser ouvidos a quilômetros de distância, tamanha era a sua fome, enquanto os pais, agoniados, não sabiam o que fazer.
Ao lado do castelo, no entanto, viviam três irmãs muito pobres que, dizia-se, eram sobrinhas de uma fada. A mais jovem delas, que era também a mais inteligente, apresentou-se ao rei e afirmou ter a solução para o problema. Ela poderia alimentar o príncipe Lagartão, mas exigia, em troca, um baú de moedas de ouro. O rei, ensurdecido pelo choro do filho, concordou imediatamente.
A jovem, então, mandou que o funileiro real tomasse as medidas de seu seio e fizesse um funil de ferro. Assim que o artefato ficou pronto, ela enfiou ali o peito e, protegida, deu de mamar ao bebê.
Graças ao leite da jovem, o príncipe Lagartão cresceu forte e vigoroso, tornando-se, mais tarde, um rei de grande coração – apesar da horrível aparência.
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