Sapo com medo d'água - Maldade versus astúcia
No tempo em que os animais falavam, certo homem, vendo que o sapo cantava sobre uma pedra, agarrou-o e o levou para os filhos, a fim de que se divertissem. Depois de obrigarem o sapo a cantar várias músicas, as crianças começaram a maltratar o bicho. No fim, já cansadas de fazê-lo sofrer, decidiram matá-lo.
– Vamos amassar a cabeça do sapo com um pau! – gritavam.
E o sapo respondia: – Minha cabeça é dura como ferro!
– Vamos rasgar o sapo com faca!
E o sapo: – Me corpo é fechado pela proteção de São Jorge e nada me mata!
– Vamos esmagar o sapo com uma pedra!
– Isso só serve pra me fazer cócegas!
– Vamos jogar o sapo na lagoa! – concluíram os meninos.
E o sapo, que era muito esperto, começou a chorar e a implorar: – Pelo amor de Deus! Na lagoa não! Me queimem vivo, mas na lagoa não! Se me jogarem na lagoa eu morro rapidinho!
As crianças, mais do que depressa, pegaram o sapo, correram pra lagoa e, felizes pela maldade, jogaram o sapo n’água. O sapo deu um belo mergulho, voltou à tona e, rindo das crianças, gritou: – Seu bobos! Eu sou bicho d’água! Eu sou bicho d’água!
É por esse motivo que, quando os antigos viam alguém recusar algo de que gostasse muito, diziam: – Esse é sapo com medo d’água...
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