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História geral

Mercantilismo - O renascimento do comércio põe fim ao feudalismo

Fernanda Machado, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

(Atualizado em 1º/05/2014, às 16h26)

O capitalismo é um sistema econômico que vem definindo a história do mundo desde meados de 1.400 até os nossos dias. No entanto, esse modelo econômico não é algo que tenha permanecido sob uma única forma ao longo desse tempo todo. Durante seis séculos, o capitalismo vem passando por diversas fases e influenciando de diferentes formas as sociedades onde ele foi implantado.

Também sofreu a ação de diversos fatores históricos (por exemplo, aproveitou-se da invenção máquina a vapor, ou da internet) e foi a causa de inúmeros outros (as viagens de navegação, o imperialismo etc.) Assim, é praticamente impossível estudar a história do mundo ocidental a partir da modernidade, sem entender o capitalismo.

Para começar, precisamos conhecer o próprio surgimento do capitalismo e sua primeira fase de desenvolvimento, sob a forma comercial. Ela também é chamada de mercantilismo e se desenvolveu em meados do século 15, sendo superado no final do século 18.

O fim do feudalismo

Segundo os principais teóricos e economistas, o capitalismo surgiu como um modelo econômico na transição do período medieval para a Idade Moderna. O capitalismo é, portanto, a superação do modo de produção feudal. Com ele, o comércio tornou-se a principal fonte de riqueza no mundo europeu naquele momento, deixando para trás um modelo econômico baseado exclusivamente na agricultura de consumo próprio ou de circulação restrita.

O que isso quer dizer? Isso significa que, durante o período medieval, a maior parte da população vivia encastelada dentro de fortificações ou feudos. Esse foi um período em que as rotas comerciais do passado haviam deixado de existir. Uma relação de servidão entre camponeses e senhores feudais indicava o quanto a população pobre vivia presa à terra.

A partir do século 11, começou o "renascimento comercial", quando, como diz o próprio nome, o comércio renasceu. Mas será que essa atividade econômica havia realmente desaparecido? Certamente que não. No entanto, é inegável que entre os séculos 5 e 11, a Europa esteve em grande parte fechada em comunidades que tinham pouco contato entre si.

O surgimento dos burgos

Entretanto, novas atividades foram surgindo, propiciando maior espaço para a realização de feiras e a comercialização de produtos. O ambiente de contato com diferentes povos, propiciado pelas Cruzadas, abriu caminho para maior circulação de pessoas. Assim, nas regiões de comércio, onde se realizavam feiras, entre um feudo e outro, passaram a existir as vilas ou burgos, cujos moradores ficaram conhecidos pelo nome de burgueses.

Os burgueses, que começaram a existir na Idade Média, representavam a classe dos comerciantes e negociantes e tiveram um papel importante no surgimento do capitalismo.

Portanto, não devemos entender o "renascimento" do comércio como simplesmente a retomada de algo do passado, tal como o comércio era realizado pelos fenícios, gregos ou romanos. Esse renascimento é na verdade o surgimento de algo novo, o capitalismo. O que há de novidade nesse sistema é que ele trouxe para os povos a necessidade de expandir a produção de seus reinos.

Assim, o capitalismo acabou estimulando também a unificação desses reinos em Estados, que passaram a ser governados por um monarca, ou rei, cujos poderes eram absolutos. Os reinos transformam-se, então, num Estado forte, que define impostos e arrecada dinheiro para financiar novas atividades econômicas.

Expansão marítima e colônias

Assim, o mercantilismo ou capitalismo comercial levou os reinos europeus à expansão através do mar, de modo a extrair ouro, prata e matérias-primas de territórios coloniais que "descobriram" e dominaram. Assim, geravam os produtos que os enriqueceram. Foi exatamente a relação que se implantou entre Portugal e sua colônia na América, o Brasil, do século 16 até a proclamação da Independência.

O mercantilismo durou aproximadamente 300 anos, entrando em decadência a partir do surgimento das teorias liberais (que contestavam a participação do Estado na economia) e do desenvolvimento das indústrias na Inglaterra no século 18, o que gerou a Revolução Industrial. A busca da burguesia por maior espaço político e econômico, assim como as reivindicações dos povos oprimidos pelo Antigo Regime, querendo acabar com os privilégios da nobreza e do clero também podem ser listadas entre as causas sociais que trouxeram a superação do sistema.

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