Pérsia antiga - Do Reino Medo ao Império dos Aquemênidas
Estudar a Pérsia antiga significa estudar as origens históricas de um país que hoje tem grande destaque na política internacional: o Irã.
O país que conhecemos por Irã foi chamado de Império Persa até 1935. Contudo, inúmeros documentos, desde o século 7, se referem ao mesmo povo às vezes como persas, às vezes como iranianos.
A civilização persa, na realidade, englobou diversos povos que habitaram o Planalto Iraniano desde o 2º milênio a.C. A primeira grande civilização conhecida da região se chamava Elamita, e se localizava ao sul do atual Irã, tendo como capitais Anshan e depois Susa.
Durante o 1º milênio, ondas de invasores arianos (indo-europeus) chegaram ao Planalto Iraniano, e alguns deles acabaram por se fixar na região: os medos (ao norte), os persas (ao sul) e os partos (a leste). Os mais antigos registros históricos conhecidos sobre esses povos arianos são encontrados em textos assírios (Mesopotâmia) do século 9 a.C., segundo os quais os medos eram "ladrões e turbulentos", pois medos e assírios lutavam pela região do mar Cáspio.
Infelizmente, os medos não deixaram registros escritos. Assim, só temos conhecimento da visão assíria sobre seus inimigos.
Essa tensão entre medos e assírios foi o que, provavelmente, levou à grande militarização do Reino dos Medos (ou Média). E por isso os medos acabaram dominando elamitas, persas e partos por vários séculos. Além disso, foi a pressão constante dos medos na região do Cáspio que ajudou a por fim ao Império Assírio na Mesopotâmia, em 612 a.C., colaborando para o surgimento do 2º Império Babilônico.
Ao mesmo tempo em que o Reino da Média se impunha à Mesopotâmia e aos povos do Planalto Iraniano, também avançava na direção da Anatólia (atual Turquia).
Os aquemênidas
Em 550 a.C., Ciro 2º, um governante persa, venceu a Média e unificou persas e medos, iniciando o Império Persa sob a dinastia dos aquemênidas.
Ciro 2º, conhecido como "o Grande", deu aos medos a mesma condição política e militar dos persas e, ao dominar os elamitas, transformou sua capital, Susa, na nova capital do império. Assim, ao igualar os poderes entre o sul e o norte do Planalto Iraniano, conseguiu criar uma situação de paz interna e, dessa forma, pôde concluir a conquista sobre a Mesopotâmia e a Anatólia.
Cambises, filho de Ciro, conquistou o Egito; Dario 1º, o terceiro rei aquemênida, conquistou o Turcomenistão, a região setentrional da Índia, cortada pelo rio Indo, e regiões do Leste Europeu (ilhas do Egeu e a Trácia), fundando o maior império da história até aquele momento.
Foi sob o reinado de Dario 1º que se iniciaram as Guerras Médicas, durante as quais ocorreu a Batalha de Maratona (490 a.C.), que marcou a primeira grande derrota militar persa.
Dario 1º se destacou como o maior governante dentre os aquemênidas. Ao mesmo tempo em que conseguiu conter diversas sublevações dentro do Império, manteve a política de seus antecessores com os diferentes povos dominados: cada povo tinha certa autonomia, desde que se mantivesse fiel ao imperador persa, enviando os tributos e fornecendo trabalhadores e contingentes militares. Mesmo que cada indivíduo fosse considerado um escravo (bandaka) do imperador, tinha liberdade até ser recrutado pra prestar serviços ao império.
Para facilitar a administração de tão vasto domínio, Dario 1º dividiu o império em satrapias, unidades administrativas que respeitavam os antigos limites políticos dos povos conquistados, e entregou cada uma delas a um sátapra, nobre de origem persa ou meda, escolhido pelo próprio imperador. O sátrapa, contudo, não podia transferir aos seus descendentes tal privilégio.
Além disso, Dario criou uma rede eficiente de estradas e um sistema de correios para viabilizar a comunicação entre as várias regiões. E para manter seus sátrapas constantemente vinculados aos interesses imperiais, aumentou o número de funcionários reais que fiscalizavam cada satrapia (os "olhos e ouvidos do rei").
Os imperadores persas - e Dario 1º, especificamente - viviam em várias cidades, alternadamente, criando vários centros políticos para poder se aproximar das regiões dominadas. Susa, Persépolis, Pasárgada, Babilônia, Ecbátana foram as cidades mais importantes entre os persas.
Duas grandes inovações foram ainda realizadas por Dario 1º: a língua falada até então não era escrita; Dario introduziu a escrita cuneiforme (copiada da Mesopotâmia). Mas como esse tipo de escrita necessitava de um volume enorme de plaquetas de argila para ser produzida, o imperador instituiu o aramaico como escrita da administração imperial. A outra inovação foi a monetarização da economia, com a criação da primeira moeda persa: o dárico.
Religião
Dario 1º, como grande imperador, ligou o seu nome ao deus Ahuramazda, transformando o zoroastrismo na religião oficial do império. Tal religião se fundamentava nos ensinamentos de Zaratustra (ou Zoroastro), um personagem semilendário que escreveu o livro Zend-Avesta, que fala sobre a existência de um grande deus chamado Ahuramazda, criador de todo o mundo, que no final dos tempos julgaria os humanos a partir de suas atitudes.
Como contrapartida ao Bem que Ahuramazda representava, existia um deus secundário, Arimã, que quase se igualava em poder a Ahuramazda, mas que representava as forças obscuras do mundo. A luta eterna entre essas duas divindades era o centro da religiosidade persa, e a cada ser humano restava contribuir com suas atitudes cotidianas para que o Bem ou o Mal tivesse mais poder.
Zaratustra já tinha definido que Ahuramazda venceria Arimã, mas a vitória seria mais fácil com a colaboração humana, e todos aqueles que tivessem contribuído para a vitória do Bem, receberiam em troca a vida eterna.
Por existirem dois deuses principais no zoroastrismo, muitos falam em uma religião dualista, mas os historiadores defendem que o zoroastrismo seria o inicio ético do monoteísmo de judeus, cristãos e muçulmanos, já que propõe concepções como "luta entre Bem e Mal", "paraíso" e "juízo final", tendo Ahuramazda como sua divindade suprema.
Quando Xerxes, filho de Dario 1º, assumiu o poder, tinha nas mãos quase um poder divino para governar todo o império.
Xerxes teve como prerrogativa continuar a guerra de seu pai contra os gregos (2ª Guerra Médica), mas, ao ser vencido (479 a.C.), voltou seus interesses para a manutenção do império que herdara.
Os sucessores de Xerxes se mantiveram ocupados com seus problemas internos até que um rei macedônio, Alexandre Magno, depois de submeter definitivamente a Grécia, em 334 a.C., atravessou o Helesponto e iniciou sua expansão político-militar sobre o Oriente, pondo fim ao governo aquemênida e iniciando o Império Helenístico.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.