Pérsia e Império Helenístico - De Alexandre Magno à invasão árabe
Depois da derrota na 2ª Guerra Médica (480 - 479 a.C.), os imperadores persas deixaram de lado o projeto de expansão sobre a Europa, e se dedicaram ao seu imenso império oriental. Porém, pouco mais de um século depois, os persas passaram a ser atacados por tropas macedônicas e gregas, lideradas pelo rei da Macedônia, Alexandre Magno.
Alexandre, ao submeter definitivamente as pólis gregas (num processo de conquista iniciado por seu pai, Felipe 2º), partiu para a conquista das civilizações do Oriente Médio, dominadas pelos persas.
O imperador persa, Dario 3º, tentou enfrentar os invasores nas batalhas de Granico (334 a.C.) e Isso (333 a.C.), mas, mesmo estando em maior número, os persas foram derrotados e Dario teve de fugir.
No final de 333 a.C., Alexandre recusou um acordo de paz oferecido por Dario, e conquistou a Síria. Uma a uma, as satrapias do Império Persa foram caindo sob o domínio de Alexandre. Inclusive no Egito, o rei macedônico foi recebido com todas as honras e ganhou o título de faraó, por libertar o povo egípcio do Império Persa.
O último enfretamento entre Dario e Alexandre aconteceu na batalha de Gaugamela (Mesopotâmia), em 331 a.C. Acredita-se que Dario contava com uma força de mais de 160 mil homens na infantaria e 45 mil cavaleiros de diversas nações orientais submetidas aos persas, enquanto Alexandre dispunha de 40 mil homens na infantaria e 7 mil na cavalaria.
A ousadia de Alexandre, que atacou primeiro, assustou os persas. Ao conseguirem abrir uma brecha nas fileiras dos persas, os invasores causaram grande confusão, o que permitiu que Alexandre fosse atrás de Dario, que se posicionava ao longe, sem participar da batalha. Mais uma vez o imperador persa fugiu, o que acabou por levar os greco-macedônicos à vitória decisiva.
Dario 3º, o último imperador dos aquemênidas, foi perseguido pelas tropas de Alexandre, que o encontraram já morto, assassinado por um traidor, na região do mar Cáspio (330 a.C.).
Os selêucidas
Alexandre Magno morreu muito jovem, em 323 a.C., deixando um império ainda maior do que tinha sido o império persa dos aquemênidas (da Grécia ao Punjab).
Logo após a morte de Alexandre, seus generais começaram a disputar as regiões do império, o que levou a um período de guerras em todo o mundo helenístico, que acabou sendo dividido entre Seleuco (a parte asiática - Império Persa), Antígono 2º (a Grécia e a Macedônia) e Ptolomeu (o Egito).
Seleuco 1º foi, então, o primeiro imperador da Pérsia depois de Alexandre, iniciando a dinastia dos selêucidas, que governou a maior extensão de terras e povos da época (330 a 160 a.C.). Tal dinastia se empenhou em difundir o helenismo, ideal político de Alexandre. A cidade de Antioquia foi fundada por Seleuco para ser a nova capital do império.
Além disso, os selêucidas também conseguiram um grande desenvolvimento econômico, devido à ampliação do comércio realizado através da Rota da Seda: estradas que, interligadas, levavam da Europa à China, passando por terras persas.
Entretanto, ainda durante a vida de Seleuco 1º, o império começou a declinar: os reinos dos Partos (nordeste do atual Irã) e da Báctria (atual Afeganistão) conseguiram suas independências, iniciando o processo de fragmentação do território. Ao mesmo tempo, as guerras entre Macedônia, Egito e Pérsia se intensificaram.
O enfraquecimento do reino dos ptolomaicos (Egito) acabou unindo Antíoco 3º (imperador selêucida) e Felipe 5º, da Macedônia, que firmaram uma aliança para dividir o Egito entre si (205 a.C.).
Os romanos, que iniciavam um processo de expansão territorial pelo Mediterrâneo, viram nessa aliança uma ameaça ao ocidente, ainda mais porque a Macedônia tinha apoiado Aníbal, general cartaginês inimigo de Roma, durante a Segunda Guerra Púnica.
Em 146 a.C., Roma, depois de vários embates, conquistou a Macedônia e iniciou a guerra contra a Pérsia dos selêucidas, ao mesmo tempo em que o reino dos partos (Pártia) também se expandia em direção ao ocidente.
Os arsácidas
O partos, liderados por Mitrídates, derrotaram os selêucidas (160 a.C.) e submeteram o Império Persa ao Império da Pártia, sob a dinastia dos arsácidas.
O mais sério problema que os arsácidas enfrentaram foi a guerra contra os romanos, que lutavam para tomar o Império Persa. Romanos e partos se chocaram diversas vezes em território persa. É importante citar que o general e triúnviro romano Crasso morreu em combate na Pérsia (54 a.C.); e Marco Antonio, também general e triúnviro, foi derrotado pelos arsácidas em 36 a.C.
Durante muitas décadas imperadores romanos (Trajano, Marco Aurélio, Sétimo Severo, Caracala) tentaram vencer os arsácidas, mas não conseguiram expandir as fronteiras romanas para além da Ásia Menor (atual Turquia). Contudo, o excessivo desgaste militar dos partos possibilitou que inúmeras revoltas surgissem dentro do império. E em 226 d.C., Ardacher, um persa, conseguiu derrotar os partos, restaurando o Império Persa.
Os sassânidas e a invasão árabe
Depois de dois anos envolvido em guerras pelo território persa, Ardacher 1º conseguiu se tornar xá (termo persa para monarca) e restaurar o poder dos persas sobre a região, retomando a tradição aquemênida e inaugurando a dinastia sassânida (2º Império Persa).
Os sassânidas herdaram dos arsácidas a guerra contra os romanos e, apesar disso, conseguiram retomar as fronteiras orientais do império, quase com a mesma configuração da época dos aquemênidas.
Mas uma nova potência militar surgia ao sul: na Arábia, a teocracia islâmica iniciava seu processo expansionista, e em 643 os árabes chegaram ao Império Persa, dominando-o completamente em 650.
A partir de então, a Pérsia se transformou: a língua árabe passou a ser a mais usada e o islamismo foi imposto aos persas. Mas, ao contrário do que se acredita hoje, os iranianos se definem como persas, não como árabes, e lutam para preservar sua longa e antiga história.
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