Topo

Segunda Guerra Púnica - Primeiras batalhas - Da Questão de Sagunto à travessia dos Alpes

Érica Turci

Já no final da 1ª Guerra Púnica, a família dos Barcidas adquiriu grande destaque entre os cartagineses. Amílcar Barca, um dos representantes dessa tradicional família cartaginesa, derrotou os romanos em inúmeras batalhas e, depois, venceu a Revolta dos Mercenários, na África.

Por esses feitos, Amílcar foi encarregado de explorar a Hispânia (atual Espanha). Ali, ele transformou os pequenos entrepostos ibéricos em grandes cidades, como, por exemplo, Gades (atual Cádis). E também dominou as tribos hispânicas e as ricas minas de prata de região.

Em 229 a.C., após a morte de Amílcar, Asdrúbal, o Belo, seu genro, assumiu a colônia hispânica e ampliou ainda mais o controle cartaginês sobre o território.

Diante do crescente poder de Cartago, Ampurias e Sagunto, cidades da região fundadas pelos gregos, temendo os cartagineses, pediram socorro aos romanos. Roma, que queria limitar o avanço de Cartago na Europa, conseguiu fazer com que Asdrúbal assinasse um acordo, demarcando a região de influência de Cartago ao sul do rio Ebro (226 a.C.).

Em 225 a.C., Asdrúbal fundou a cidade de Nova Cartago (atual Cartagena), a principal fortaleza e base naval da região, iniciando a reorganização militar de Cartago.

Quando, em 221 a.C., Asdrúbal foi assassinado, Aníbal, filho de Amílcar Barca, assumiu o comando da Hispânia. Historiadores da Antiguidade contam que Aníbal, ainda criança, teria prometido a seu pai usar de ferro e fogo para destruir Roma.

Início da guerra

Durante dois anos, Aníbal ampliou o domínio cartaginês sobre a região sul do rio Ebro e cuidou também de aumentar as fileiras militares que lhe eram fiéis.

A cidade de Sagunto se localizava na região sul do rio Ebro e, portanto, dentro da esfera de influência dos cartagineses, segundo o tratado de 226 a.C. Mas os romanos firmaram aliança com Sagunto e enviaram embaixadores a Nova Cartago, exigindo que as tropas de Aníbal respeitassem a cidade. Contudo, Cartago deu ordem para que Aníbal atacasse Sagunto. Por esse motivo, os romanos declaram guerra a Cartago: iniciava-se assim a 2ª Guerra Púnica.

Os romanos dividiram suas tropas em duas: a primeira, sob liderança de Públio Cornélio Cipião, se deslocaria para a Hispânia; enquanto a segunda, sob liderança de Sempronio Longo, se dirigiria para a Sicília, a fim de chegar à África. Só que, nesse momento, os gauleses do norte da Itália se rebelaram, e Cipião teve que rever seus planos para deter tal revolta.

Aníbal se aproveitou desse contratempo romano e marchou em direção à Itália da forma mais inusitada: cruzando os Pirineus, a Gália (atual França) e os Alpes, utilizando-se dessa travessia para fazer inúmeras alianças contra Roma.

O itinerário de Aníbal até hoje é discutido por diversos historiadores, pois a proeza foi grandiosa, mas não deixou documentação precisa. Sabe-se que muitos dos homens, cavalos e elefantes levados por Aníbal morreram de frio e de fome pelo caminho.

Primeiras batalhas

Quando Cipião, general das tropas romanas ao norte, chegou à Hispânia e soube que Aníbal tinha marchado para Roma, deixou ali seu irmão, Cneu, com parte de seus soldados e voltou com a outra parte para a Itália, encontrando Aníbal no rio Tessino (Itália).

A batalha de Ticino (novembro de 218 a.C.), a primeira travada pelos cartagineses e romanos na Itália, foi vencida pelos cartagineses, incentivando os gauleses e os lígures a se unirem às tropas de Aníbal.

A intenção de Aníbal não era invadir a cidade de Roma, mas enfraquecê-la, conquistando as cidades aliadas. O discurso de Aníbal era de que ele não queria fazer guerra com os italianos, mas libertá-los do domínio romano. O general cartaginês começa, então, a marchar para o sul do Itália, pois dali poderia receber reforços e suprimentos do norte da África. Nesse percurso, vários territórios romanos passaram a ser controlados por Aníbal.

 
Algumas batalhas da 2a Guerra Púnica
BatalhaData a.C.RegiãoVitória
Lilibea218Sicília (Itália)Roma
TicinusNov/218Rio Tessino (Itália)Cartago
TrébiaDez/218Rio Trébia (Itália)Cartago
Cissa218Tarranco (Espanha)Roma
Lago Trasimeno217ItáliaCartago
Ebro217Rio Ebro (Espanha)Roma
Ager Falermus217Campânia (Itália)Cartago
Geronium217Apúlia (Itália)Cartago
CannaeAgo/216Apúlia (Itália)Cartago
1ª de Nola216Nola (Itália)Sem decisão
Dertosa215Rio Ebro (Espanha)Roma
2ª de Nola215Nola (Itália)Sem decisão
Cornus215SardenhaRoma
3ª de Nola214Nola (Itália)Sem decisão
Benevento214Benevento (Itália)Roma
1ª de Cápua212Cápua (Itália)Cartago
Silares212Silaro (Itália)Cartago
1ª de Herdônia212Apúlia (Itália)Cartago
Siracusa213-211Sicília (Itália)Roma
Baetes211Rio Guadalquivir (Espanha)Cartago
2ª de Cápua211Cápua (Itália)Roma
2ª de Herdônia210Apúlia (Itália)Cartago
Numisto210ItáliaSem decisão
Baecula208São Tomé (Espanha)Roma
Grumentum207Lucânia (Itália)Roma
Metaurus207Rio Metauro (Itália)Roma
Ilipa206Próximo a Sevilha (Espanha)Roma
Crotona204Calábria (Itália)Sem decisão
Grandes Campos203Norte da ÁfricaRoma
Cirta203Numídia (África)Roma
ZamaOut/202Tunísia (África)Roma