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Descrição - Fazendo retratos com as palavras

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

Enquanto gênero textual, a descrição pode ser definida como a realização de um “retrato falado”, isto é, escrito, seja de pessoas, lugares ou objetos.

Eis um exemplo simples:

“Era um homem alto, robusto, muito forte, que caminhava lentamente, como se precisasse fazer esforço para movimentar seu corpo gigantesco. Tinha, em contrapartida, uma cara de menino, que a expressão alegre acentuava ainda mais.”

Note que os elementos que se destacam nesse breve parágrafo são os adjetivos (e locuções adjetivas), pois é essa a classe de palavras que denota qualidades. Nesse sentido, pode-se dizer que descrever é qualificar, dizer as qualidades que determinado ente apresenta.

Enquanto uma narração apresenta o desenvolvimento de uma história, a descrição constitui uma interrupção do fluxo narrativo para caracterizar personagens, objetos e lugares. Por isso, de modo geral, a descrição não costuma existir como um texto independente, mas como trecho de textos narrativos ou dissertativos.

Nesse último caso, a descrição costuma ter caráter técnico. Eis um exemplo de descrição técnica:

“Joaninha é o nome popular dos insetos coleópteros da família Coccinellidae. Os cocinelídeos possuem corpo semi-esférico, cabeça pequena, seis patas muito curtas e asas membranosas muito desenvolvidas, protegidas por uma carapaça quitinosa que geralmente apresenta cores vistosas. Podem medir de 1 até 10 milímetros”

Enfim, nas palavras de Othon M. Garcia, em sua obra “Comunicação em Prosa Moderna” (Editora FGV, Rio de Janeiro, 2010, 27a. Edição) –  que é há algumas décadas a melhor obra teórica sobre redação publicada no Brasil –, a descrição:

“é a apresentação verbal de um objeto, ser, coisa, paisagem (e até de um sentimento: posso descrever o que eu sinto [...]), através da indicação dos seus aspectos mais característicos, dos seus traços predominantes, dispostos de tal forma e em tal ordem, que do conjunto deles resulte uma impressão singularizante da coisa descrita, isto é, do quadro, que é a matéria da descrição.”