UnB: Greve de funcionários deixa alunos carentes sem benefícios
Com a greve de funcionários da UnB (Universidade de Brasília), estudantes carentes que recebem bolsas de assistência ficaram sem o benefício. Além disso, esses alunos também estão tendo que desembolsar mais dinheiro: sem o restaurante universitário, as bibliotecas e as seretarias, eles gastam mais com refeições, xerox e ficam sem passe e sem meia-entrada.
Hoje, os alunos carentes recebem a bolsa de permanência, no valor de R$ 465 e pagam valor diferenciado das refeições: R$ 0,50 para o Grupo I e R$ 1 para o Grupo II, de acordo com a vulnerabilidade social. Estudantes de outros campi podem receber auxílio mensal de R$ 240. As bolsas estão atrasadas há dois meses.
Glícia de Paula, aluna da Faculdade de Comunicação Social (FAC), trocou o almoço com arroz, feijão, carne e salada por um salgado. Desde que os professores decidiram voltar às salas de aula – isolando os técnicos na greve – a aluna inscrita no Grupo II do programa não encontrou refeições mais baratas do que R$ 7. “Para mim a greve está sendo péssima”, reclama. “Estou arcando com custos que eu não teria com o funcionamento normal da universidade. Meus gastos praticamente triplicaram”.
Além dos gastos com alimentação, a jovem gasta R$ 12 todos os dias com passagens para vir de Luziânia (GO) para a UnB. Isso porque ela não conseguiu a declaração na secretaria de seu curso para pedir o Passe Livre. Como se não bastasse, com a Biblioteca Central (BCE) fechada, Glícia gastou R$ 15 com a impressão de duas apostilas que ela encontraria na BCE sem custo algum. “Todo mundo perde com a greve não-unificada. Mas os principais atingidos são os alunos de baixa renda”, relata.
A diretora de Desenvolvimento Social da UnB, Maria Terezinha da Silva, explica que o atraso ocorreu, principalmente, por causa da greve dos técnicos. “Entendemos a legitimidade da paralisação, mas enfrentamos a lentidão no processo das bolsas pela falta de funcionários”, comentou a representante do DAC.
Maria Terezinha explica que o pagamento foi solicitado assim que terminou a greve dos professores, em 10 de maio, quando o número de pedidos de bolsas praticamente triplicou. “Onde esses estudantes almoçam com R$ 0,50 ou R$ 1 além do RU? Com a greve, vão ter que gastar de R$ 5 a R$ 7 para almoçar no campus”, calcula. Segundo a decana Rachel Nunes, o período provável para o depósito das bolsas atrasadas é entre 5 e 10 de junho.
“Sabemos que os alunos do programa, que já são os mais vulneráveis, estão ainda mais nesse momento”, observa Rachel. A decana destaca algumas alternativas criadas para amenizar os impactos da greve sobre os estudantes. “Na CEU (Casa do Estudante Universitário), a UnB oferece as três refeições diárias até a reabertura do RU”, exemplifica. Apesar das dificuldades, a professora faz questão de declarar o apoio à causa dos grevistas. “A situação que os técnicos enfrentam é grave”, comenta.
*Com informações da Agência UnB
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