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"Frase inadequada" sobre bissexualidade fez Dilma suspender kit anti-homofobia, diz Haddad

Karina Yamamoto<br>Editora de Educação

Em São Paulo

27/05/2011 14h37Atualizada em 27/05/2011 18h35

Um dos motivos pelos quais a presidente Dilma Rousseff suspendeu o kit anti-homofobia teria sido uma "frase inadequada" em um dos vídeos que já circulava na internet, disse o ministro da Educação, Fernando Haddad na manhã desta sexta (27).

Um exemplo é uma fala de um garoto que comenta que o fato de desejar  "ficar com meninos e meninas aumenta a [sua] probabilidade" de encontrar alguém. Esse vídeo tem como título "Probabilidade".

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A frase sugere que bissexualidade seja uma coisa boa -- comentou Haddad -- e o objetivo do material é combater a violência e a homofobia. Haddad descarta que a decisão da presidente tenha sido para poupar o ministro Antonio Palocci de ser convocado a explicar a multiplicação de seu patrimônio.

Na quinta (26), Dilma disse que não aceitaria "propaganda de opções sexuais". A presidente disse, ainda, que o governo defende a luta contra práticas homofóbicas. “O governo pode, sim, ensinar que é necessário respeitar a diferença e que você não pode exercer práticas violentas contra os diferentes.”

Secad havia aprovado material

A discussão do material já vinha sendo feito entre a equipe que estava produzindo o material e a equipe da Secad (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade). "A Secad aprovou, [ela] se deu por satisfeita", disse o ministro sobre a elaboração conjunta de ONGs e MEC do kit gay. Mas o material ainda teria que passar pelo comitê de publicações do MEC, segundo Haddad.

Questionado se não houve um viés na elaboração do material ao se convidar ONGs LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) para a produção, o ministro respondeu que o processo de produção do kit tem passado por diversas instituições como o ministério da Justiça, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e outras entidades civis.

O ministro, que foi à Câmara dias atrás, comentou que estava havendo uma confusão sobre materiais entre os deputados. "Estava circulando material de combate à DST [doenças sexualmente transmissíveis] na Câmara como se fosse material para [ser apresentado para] crianças de seis anos", contou.

Após a polêmica desta semana, a Presidência decidiu ter um comitê de avaliação na Secom (Secretaria de Comunicação) para todo material que for produzido pelo governo e que trate de valores e costumes.

O kit "Escola sem Homofobia" deve sair ainda neste ano -- para atender cerca de 6.000 escolas que já relataram problemas dessa natureza.

Dinheiro de volta

Questionado sobre a proposta do DEM (Democratas) de pedir o dinheiro que foi gasto de volta, o ministro disse que o convênio foi assinado em 2007 e vai continuar. Ele explicou que, se o produto final não ficou de acordo com o pedido e esperado pelo MEC, os vídeos terão de ser refeitos.

O convênio do programa Escola sem Homofobia tem dotação orçamentária de R$ 1,8 milhão. No momento da entrevista, o ministro não disse quanto do orçamento já foi gasto ou quanto a ONG responsável pela produção do vídeo já recebeu.

"Quando há conformidade [entre pedido e produto entregue], [o convêncio] encerra; se não há, não encerra", afirmou.

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