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Ensino a distância traz flexibilidade de tempo e custo, mas é preciso tomar cuidado; veja dicas

Carla Hosoi

Especial para o UOL Educação Em São Paulo

26/07/2011 07h00Atualizada em 17/01/2012 15h36

Maior flexibilidade de tempo, de horários de estudo e custo inferior em relação aos cursos 100% presenciais: esses fatores estimulam a procura pelo ensino a distância como alternativa mais adequada à rotina dos estudantes. Mas, como saber se um curso é bom ou não?

De acordo com o censo de educação superior de 2009, os cursos de graduação de EAD (ensino a distância) - aumentaram 30% em relação ao ano anterior, enquanto os presenciais, 12,5%.  Os cursos a distância mais requisitados foram pedagogia, administração, serviço social e orientação, ciências contábeis, matemática, ciências biológicas, história, comunicação social e ciências ambientais e proteção ambiental. Desses, somente os cursos de pedagogia e administração somam 61,5% do total de matrículas na modalidade.

No Brasil, a cultura do ensino e aprendizado a distância é relativamente nova. De 2000 para 2010 a procura aumentou expressivamente. Conforme números revelados pelo MEC, no primeiro semestre do ano passado havia aproximadamente 879 mil alunos matriculados na graduação à distância, quantidade muito superior aos cinco mil inscritos há dez anos.

Método

Segundo o professor João Mattar, especialista em EAD da Universidade Anhembi Morumbi, é preciso atentar mais para a qualidade dos modelos de conteúdo adotados do que para a quantidade, seja de alunos matriculados, seja de instituições de ensino superior a distância. "Sou muito crítico ao formato que a maioria dos cursos a distância disponibiliza para os alunos. Geralmente um professor especialista elabora o conteúdo, em arquivos pdf e PowerPoint, por exemplo, e este é praticamente jogado ao aluno sem que haja a figura de um professor atuando ativamente", diz. "Eles colocam um tutor à disposição de 300 alunos que não é obrigado a ter graduação e recebe salários muito inferiores ao de um professor universitário. Isso é uma precarização do nosso trabalho.”

Modelos

Mas questionar os modelos de conteúdo adotados e também o quadro de profissionais envolvidos no ensino superior não é propriamente uma particularidade dos cursos a distância. "A qualidade da educação superior é díspare. Vale para a presencial e para os cursos a distância. A diferença é que a EAD já vem com um espírito de agregar mais valor, à medida em que preza pela interatividade, discussão, debates. É mais acessível, elimina distâncias, reduz custos. Dessa forma, ajuda a acelerar a educação, a qualidade de ensino e aumenta a rentabilidade', afirma Stavros Xanthopoylos, diretor da FGV online.

Para o professor João Mattar, a educação caminha para um cenário em que não haverá quase diferença entre o presencial e a distância. "As metodologias já estão se misturando, tanto é que hoje as instituições presenciais são autorizadas a ter 20% de sua carga utilizada a distância. Isso é muito interessante, funciona, mas é preciso que o professor esteja vinculado, que agregue conteúdo, que tenha criatividade e apoio para exercitar modelos diferentes", afirma.