Um em cada sete universitários estuda a distância no Brasil
No Brasil, um em cada sete estudantes de graduação estuda na modalidade a distância, segundo dados do Censo da Educação Superior de 2010. Ao todo, são 930 mil alunos, que representam 14,6% do total de matrículas de graduação do país. Em meio a esse batalhão de estudantes, as instituições particulares se sobressaem: elas somam 80,5% das matrículas de graduação a distância no país, enquanto no ensino presencial essa parcela é de 73%.
As escolas públicas, porém, se preparam para um contra-ataque. Apesar de tímido em relação à oferta de cursos de graduação à distância, os governos estaduais e federal têm investido em iniciativas como a UAB (Universidade Aberta do Brasil) e a Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo). O foco dessas instituições é a formação de docentes, mas, segundo João Carlos Teatini, diretor de educação a distância da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o cenário deve mudar em breve –com as instituições públicas liderando a expansão do EAD, em todas as áreas.
“As matrículas no setor privado deram um salto muito grande entre 2004 e 2008, com um crescimento exagerado. A partir de 2009, quando o MEC começou a fiscalizar esses cursos, o número de alunos de EAD nas particulares caiu”, afirma Teatini. Por isso, argumenta, a tendência é de estabilização no número de alunos nas instituições privadas, com grande potencial de crescimento de oferta no setor público. “Já temos 101 instituições participando da UAB”, diz ele.
A UAB não é uma universidade tradicional, mas um sistema de articulação entre universidades públicas e institutos federais interessados em oferecer EAD. Ela foi criada por um decreto em 2006, mas os primeiros cursos surgiram apenas em 2008 – e as primeiras turmas receberam o diploma no ano passado. Em 2011, a instituição tinha 190 mil alunos distribuídos em 618 polos. Professores e gestores de redes públicas de ensino têm preferência na matrícula, participando de uma seleção separada dos demais candidatos.
Matrículas em EAD em 2010*
Em IES particulares: | 748.577 |
Em IES públicas: | 181.602 (104.722 federais; 76.414 estaduais; 466 municipais) |
Total: | 930.179 |
- *Dados do Censo da Educação Superior/ MEC
Um modelo semelhante é adotado desde 2008 pelas três universidades estaduais de São Paulo (USP, Unesp e Unicamp) e o Centro Paula Souza, que formam a Univesp. Cada universidade decide qual curso será oferecido em EAD, e fica responsável pelo projeto didático. Licenciaturas e Pedagogia têm preferência.
Já foram oferecidos pela Univesp cursos de inglês e espanhol para 11 mil alunos do Centro Paula Souza, e estão em andamento os cursos de licenciatura em Ciências (USP, com 360 vagas) e em Pedagogia (Unesp, com 1.350 vagas distribuídas em 22 polos pelo interior), exclusivo para professores da rede pública. Na lista estão também especialização em Ética, Valores e Saúde na Escola (USP/ mil vagas) e em Ética, Valores e Cidadania na Escola (USP/ 350 vagas) e licenciatura.
Apesar dos poucos cursos oferecidos até agora, Carlos Vogt, coordenador da Univesp, diz que esse início não tem nada de tímido. “As 1.350 vagas de Pedagogia representaram um aumento de 21% no total de vagas de graduação da Unesp, e 6,5% em relação ao total de vagas nas três universidades”, diz ele, que reforça a comparação afirmando que o número de vagas ofertadas para Pedagogia nas três universidades estaduais praticamente triplicou, passando de 745 para 2.095.
Um dos objetivos de longo prazo da Univesp é contribuir, por meio do ensino a distância, para a ampliação efetiva de vagas no ensino superior gratuito do Estado. Além disso, a oferta efetiva de vagas de universidades públicas na modalidade a distância deve colaborar para tornar a graduação a distância não só mais aceita como mais procurada no país.
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