Família de professora morta dentro de escola pede R$ 400 mil de indenização
O advogado Luiz Angelo Cerri Neto, contratado pela família da professora que morreu após ser esfaqueada dentro de uma escola estadual, em Itirapina (227 km de São Paulo), informou na manhã desta segunda-feira (15) que vai entrar com uma ação indenizatória por danos morais no valor de R$ 400 mil contra o Estado de São Paulo.
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O defensor informou que o valor foi calculado com base no salário e na expectativa de vida da docente. Na ação, ele vai alegar falta de segurança na escola e falta de assistência aos familiares da vítima. “É inconcebível um aluno entrar armado dentro de uma escola para matar uma professora dentro da sala dos professores e em horário de aula. O Estado tem meios para impedir casos como esse, mas mais uma vez esperou acontecer a tragédia”, disse Neto.
Além disso, o advogado reclamou da falta de assistência à família. “Eles não prestaram quase nenhuma assistência aos familiares que até hoje estão muito abalados com a tragédia”.
“Todo mundo só falava bem dela, ela vivia sorrindo, nunca teve queixa de nada. E ela só tinha 27 anos, estava começando a vida agora, gostava do trabalho, estava feliz porque era uma coisa que queria, a gente não se conforma. A gente só quer justiça”, desabafou Silmara Lima Braga, irmã da vítima.
O caso
A professora de português Simone Lima, de 27 anos, foi morta a facadas no dia 11 de março, dentro da Escola Estadual Professor Joaquim de Toledo Camargo por Thomas Hiroshi Haraguti, 33, aluno do programa de EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Haraguti foi preso horas depois do crime e confessou que cometeu o crime porque estava com raiva da professora. Segundo o delegado José Francisco Minelli, o estudante disse que estava apaixonado por Simone, mas ela não o correspondia. Ele foi indiciado e já é réu no processo de homicídio doloso - quando há intenção de matar - qualificado. O julgamento ainda não foi marcado, mas o réu continua preso
O processo tramita no fórum de Itirapina e Cerri Neto entrará com a ação indenizatória na Vara da Fazenda Pública Estadual, junto com os advogados Roberto Parentoni, Luzia Helena Sanchez e Otto Carlos Cerri.
Neto informou também que antes de entrar com o pedido de indenização, o que deve ocorrer até o final deste mês, ele terá de ter o sigilo do caso quebrado, uma vez que até agora tudo corre em segredo de Justiça. “Assim que tivermos acesso ao inquérito policial e ao processo, que estão em segredo de Justiça, entraremos com a ação indenizatória”.
Além da ação contra o Estado, os advogados da família ainda pedirão indenização ao autor do crime, que também será baseada no salário e na expectativa de vida da docente. “Quando o juiz condena, ele pode fixar um valor para indenização para a família. Se não for satisfatório, entraremos com pedido para aumentá-lo”, explicou Neto.
Outro lado
A assessoria de imprensa da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo informou por telefone que não pode se manifestar sobre a ação indenizatória e que quando o pedido for feito ficará sob responsabilidade da Procuradoria-Geral do Estado.
Segundo o órgão, psicólogos especializados em situações de luto têm mantido atendimento à comunidade escolar e que uma visita à família da professora foi feita para prestar apoio em caráter excepcional.
A secretaria também afirmou que a escola dispõe de sistema de segurança adequado, inclusive com vídeo-monitoramento, e que o assassinato não foi decorrente de invasão de pessoas estranhas à comunidade escolar uma vez que foi cometido por um aluno da escola.
A secretaria disse ainda que a Escola Estadual Professor Joaquim Toledo de Camargo participa de uma programa de combate à violência escolar e dispõe de professores-mediadores, "responsáveis pela coordenação de ações educacionais voltadas a ampliar os fatores de proteção e coibir eventuais aspectos de vulnerabilidade e conflitos inerentes à comunidade escolar".
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