Site simplifica notícias para adolescentes; material é usado em aulas
Um jornal diário online para adolescentes com foco nas grandes questões que estão transformando o mundo. Essa é a proposta do The Day, iniciativa com dois anos de existência e que possui 670 escolas britânicas inscritas.
O fundador e editor-chefe do jornal Richard Addis, que ocupou cargos altos no "The Sunday Telegraph", "The Daily Mail" e "The Daily Express" na Inglaterra, além do "The Globe and Mail" no Canadá, disse que decidiu lançar um jornal para alunos depois de perceber um "vasto abismo de incompreensão" na forma como os meios de comunicação relatavam histórias complexas.
"Todos os meios de comunicação assumem que as pessoas sabem mais do que realmente sabem", afirmou ele em entrevista.
"As pessoas não entendem matérias complexas, de modo que não se preocupam em lê-las", destacou Addis. "Já que ninguém as lê, a mídia desistiu de publicá-las a fim de concentrar-se em matérias simples, como a vida sexual de George Clooney ou qual jogador de futebol bebeu demais."
"Celebridades, esportes e assuntos de interesse humano ainda vendem jornais", disse Addis, "mas se ninguém entende as matérias reais, e ninguém se dá ao trabalho de explicá-las, todos nós vamos ficar mal informados."
Junto com um ex-colega do "Financial Times", onde Addis havia editado o caderno de Fim de Semana, ele montou o jornal The Day, cujo lema é "Explicar é Importante".
Apoiado por um pequeno grupo de investidores, o editor-chefe comercializou o projeto para as escolas, que pagam R$ 2,05 por aluno por um pacote básico de matérias cotidianas, questionários e recursos para sala de aula. O pacote premium de R$ 3,38 inclui fotos grandes, oficinas de jornalismo em sala de aula e traduções para o francês, alemão, espanhol e italiano para uso em aulas de línguas.
As escolas recebem três matérias por dia explicando as questões por trás da notícia, além de acesso a um arquivo de matérias antigas. A plataforma foi projetada para ser impressa em tamanho A4, embora muitos professores coloquem os artigos em quadros brancos, ou em telas interativas conectadas a um computador.
O jornal não tem anúncios, o que é atraente para Stephen Adcock, diretor-assistente da Burlington Danes Academy, uma escola do centro de Londres que foi um dos primeiros assinantes de The Day. "Era bastante comum os professores pegarem cerca de 25 cópias do jornal Metro”, disse Adcock, referindo-se ao tablóide distribuído gratuitamente nas estações de ônibus e metrô da cidade. "Mas é um jornal muito comercial, cheio de publicidade. E o conteúdo não é necessariamente voltado a adolescentes.”
Adcock diz que sua escola usa o site pelo menos três vezes por semana. "Nós temos uma sessão em grupo todas as manhãs, e os tutores usam o The Day para discutir assuntos atuais”, disse ele. “Mas nós também o usamos em assuntos específicos. Um professor de ciências pode procurar matérias sobre a engenharia genética, por exemplo.”
Adcock diz que os alunos eram expostos a muitos meios de comunicação, embora a maior parte fosse de qualidade questionável. "E, embora sejam obrigados a ler o The Day, parecem gostar", diz ele. "Há um apetite real para descobrir sobre o mundo. Eles querem se envolver, mas não sabem por onde começar ou como encontrar o que é relevante. Isso abre um caminho para eles."
Andrea James, chefe da orientação da escola Holland Park, em Londres, diz que quer mais para os alunos do que apenas uma maneira de entender as histórias complexas. "Espero que ele nos permita oferecer aos alunos um caminho para perseguir seu interesse pelo jornalismo", disse ela.
Addis também quer incentivar estudantes de jornalismo. Primeiro, porém, ele tem que fazer o The Day crescer. Mais de 80% dos assinantes renovam suas assinaturas, disse ele, e seu público atual de cerca de 600 mil significa que o The Day "é visto por cerca de duas vezes mais leitores que a revista Top of the Pops, o título mais vendido do país para adolescentes.”
Em setembro, ele espera lançar outro site - “uma espécie de versão infantil do 'The Huffington Post'” – editado por adultos, mas escrito por e para adolescentes. “Só pode escrever para o site quem tem 19 anos ou menos”, disse ele.
*Com informações do jornal "The New York Times".
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