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Relato de um inscrito no Enem: Fiscais ficaram de conversa, de costas para a sala

Anderson Sotero*

Do UOL, em Salvador

31/10/2013 04h45Atualizada em 31/10/2013 10h03

Na sala em que fiz o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em Salvador, os fiscais ficaram conversando na porta (do lado de fora) de costas para os candidatos faltando 1h30 para terminar o primeiro dia de exame no sábado (26).

Um dos candidatos, que estava de óculos escuros por alegar que "eram de grau", falou em voz alta: "Aí, que prova miserável. Dilma miserável!". Os fiscais ouviram, mas nada fizeram. Descontraído, ele ainda fez um pedido à fiscal. "Você vem amanhã? Então, pode guardar minha caneta?", disse. A fiscal, sorrindo, respondeu que não poderia.

Os fiscais também não controlaram o tempo que restava para finalizar o exame – eles são instruídos a avisar por meio de cartazes o tempo que resta de prova. No quadro, estava destacado, em ordem decrescente, o tempo que faltava de a cada meia hora. Quando restavam menos de 2h30, o quadro marcava que os candidatos tinham 3h. Ninguém reclamou disso.

No segundo dia, os candidatos tinham seus documentos conferidos e, dentro da sala, recebiam os cartões de resposta -- o que não aconteceu no primeiro dia. Chamou minha atenção, o número de ausentes. Na minha sala, dez faltaram. Quando fui ao banheiro, percebi que na porta das outras salas estava escrito "10 ausentes", "12 ausentes", "8 ausentes".

Como a prova foi  mais exaustiva no domingo (pelo menos na minha opinião), os candidatos foram menos ao banheiro e pareciam estar mais concentrados.  As questões de português exigiam muita leitura por conta de enunciados extensos.  A prova de matemática também não apresentou muitas dificuldades, com exceção das últimas questões que, na minha opinião, exigiam um nível de raciocínio lógico alto. Faltando menos de duas horas para terminar a prova, grande parte dos candidatos ainda permanecia na sala. 

*Anderson Sotero é jornalista e fez a prova em Salvador