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UFSC faz duras criticas à ação da PF que terminou em confronto

Do UOL, em São Paulo

26/03/2014 10h15Atualizada em 26/03/2014 12h21

A reitoria da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) considerou "violenta e desnecessária" a ação da PF (Polícia Federal) que fez detenções por porte de maconha na tarde de terça-feira (25) no campus da instituição. Polícia e comunidade universitária entraram em confronto e houve disparos de bala de borracha e bombas de gás. Publicada no final da noite de ontem, o texto faz duras críticas à polícia.

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  • http://noticias.uol.com.br/enquetes/2013/12/11/voce-e-contra-ou-a-favor-da-legalizacao-da-maconha.js

Segundo a nota divulgada, a operação feriu "profundamente a autonomia universitária e os direitos humanos e qualquer protocolo que regule as relações entre as instituições neste país".

Na tarde de ontem, uma operação de repressão ao tráfico terminou em confronto entre policiais e a comunidade universitária. Após as detenções, aproximadamente 300 alunos cercaram os policiais e depredaram dois carros.

"Segundo relatos que nos foram feitos por telefone a imagem era de terror", aponta a nota da reitoria. "Antes mesmo de quaisquer conflitos existirem já estavam presentes um grande efetivo, a tropa de choque, armas de bala de borracha e cachorros.Um efetivo pronto para o conflito, foi isso que encontraram os que foram até o local, inclusive representantes da Reitoria.Tentamos incansavelmente negociar com o Superintendente em exercício. A intransigência era clara e foi percebida por todos os presentes."

Crianças em perigo

A reitoria reclama, ainda, que não foi avisada sobre a ação -- o que teria sido combinado com a PF. Por sua vez, a PF, por meio de entrevista do delegado Ildo Rosa, não compreendeu que deveria informar sobre a operação de repressão.

Na nota, a reitora, Roselane Neckel, e a vice-reitora, Lúcia Helena Martins Pacheco, afirmam que "sempre foi solicitado que quaisquer ações de repressão violenta ao tráfico de drogas fossem realizadas fora das áreas da universidade". Elas explicam que "agir dessa forma dentro do campus poderia colocar em risco a vida das pessoas" e completam: "as crianças saiam do Núcleo de Desenvolvimento (NDI) e entraram em pânico no momento em que as bombas de gás começaram a ser lançadas. O cenário rememorava os períodos vividos nos mais violentos regimes de exceção".

Em seu perfil pessoal do Facebook, o diretor da CFH (Centro de Filosofia e Ciências Humanas), Paulo Pinheiro Machado, conta: "Chegaram policiais a paisana, sem nenhuma identificação revistando as mochilas de estudantes dentro do café do CFH. Estávamos em meio a reunião do Conselho de Unidade, quando a vice-Diretora, profa. Sônia Maluf que se dirigia para saber o que estava acontecendo, quase foi presa (teve seus documento apreendidos) ao defender um estudante da agressão policial. Os policiais, que não tinham ainda se identificado como tais arrastaram a força um estudante para um carro particular (sem placa oficial, sem distintivo da polícia) ameaçando professores e outros estudantes que não permitiram a ação arbitrária".

Dois carros virados

A PF chegou a deter cinco indivíduos - sabia-se no começo da noite de apenas três detidos -- e todos eles foram liberados ontem mesmo segundo o delegado Ildo Rosa, da PF no Paraná. Segundo ele, foram lavrados termos circunstanciados (registros dessa infração) e os indivíduos foram liberados, como é o procedimento corriqueiro em casos como este.

Um dos motivos do tumulto foi que a comunidade universitária quis impedir a detenção dos suspeitos, que portavam maconha. Já a polícia resolveu levá-los para a delegacia por considerarem o bosque local inapropriado diante do tumulto que se formou, disse Rosa. Segundo ele, em caso de "ação pública incondicionada" (uma infração ou crime), qualquer uma das polícias pode intervir. No caso, a PF agendou a operação levando em conta o cenário de repressão contra o tráfico da capital. Ainda segundo Rosa, houve operações de repressão no centro da cidade e a PF optou por coibir áreas como essa na UFSC.

Durante o tumulto, a tropa de choque da PM (Polícia Militar) entrou em ação lançando bombas de gás. Os manifestantes viraram dois carros da polícia. Em vídeo que circula nas comunidades da federal de Santa Catarina, há imagens de policiais quebrando os vidros de um carro policial no bosque.