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Greve de servidores cancela cirurgias no HC da Unicamp, diz sindicato

Fabiana Marchezi

Do UOL, em Campinas (SP)

04/06/2014 14h22

A paralisação de funcionários da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) completa 12 dias nesta quarta-feira (4) e começa a afetar a vida dos estudantes e de pacientes do HC (Hospital de Clínicas). 

De acordo com o STU (Sindicato dos Trabalhadores), todas as cirurgias do HC que estavam agendadas entre as 7h e as 9h30 desta manhã foram canceladas e os quatro restaurantes universitários, que servem 12 mil refeições diariamente a R$ 2,00, estão fechados. A Biblioteca Central também está com as atividades suspensas. A greve vem gerando atrasos em algumas consultas e no agendamento de consultas e exames.

Segundo a entidade, ao menos 15% dos trabalhadores do HC e do Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher) pararam as atividades em protesto contra a decisão do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) de congelar os salários dos servidores. Conforme balanço do STU, em toda a instituição, a adesão de funcionários é de 70%.

Para o coordenador do sindicato, João Raimundo Mendonça de Souza, apesar de ainda serem pontuais, as paralisações já prejudicam os cidadãos. “Os estudantes estão sendo prejudicados pelo fechamento dos bandejões e os pacientes do HC já começam a ser prejudicados por atrasos e cancelamentos”, disse.

Mesmo sendo favorável ao movimento, o estudante de medicina André Palma acredita que muitos alunos enfrentarão dificuldades em razão do fechamento dos restaurantes universitários, uma vez que os estabelecimentos que ficam ao redor da universidade têm preços mais altos.

“Eu acho a greve legítima. Sei que muitas pessoas estão sendo prejudicadas, já que com menos de R$ 15,00 não se faz uma refeição em Campinas, mas por outro lado acredito que é só assim que os grevistas terão alguma resposta ao que eles reivindicam. É uma forma de chamar atenção para o movimento. Há muito tempo, a universidade não dá condições favoráveis nem aos estudantes nem aos funcionários”, disse Palma.

Segundo ele, que utiliza o bandejão diariamente, as condições dos restaurantes universitários estão cada vez mais precárias. “Às vezes ficamos 40 minutos na fila. Além disso, ao vale oferecido pela universidade só é válido de segunda a sexta-feira. Nos fins de semana, temos que nos virar”, explicou.

Docentes

Ao menos 60% dos professores de todas as áreas participam da greve, segundo a Adunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp). A adesão é maior nos institutos ligados às ciências humanas e inclui docentes dos dois colégios técnicos da instituição: o Cotuca, em Campinas, e o Cotil, em Limeira.

No total, a universidade conta com 2.000 professores e 7.800 técnicos administrativos. Entre as reivindicações dos grevistas estão o reajuste de 10% nos salários, equiparação de piso salarial dos servidores técnicos administrativos ao de profissionais que atuam na USP e Unesp, mais vagas em creches, transporte gratuito para todos que usam os campi, além de outras melhorias.

Segundo o Cruesp, o reajuste zero nos salários ocorreu por causa do alto nível de comprometimento de orçamento com folha de pagamentos. Além disso, os reitores das três universidades queriam adiar a discussão sobre o reajuste salarial para setembro.

Outro lado

Em nota, a Unicamp informou que as atividades funcionam normalmente em 85% das 22 unidades de ensino e pesquisa da Unicamp. Nos outros 15%, houve adesão predominantemente de servidores técnico-administrativos. A Unicamp também confirmou o fechamento dos quatro restaurantes e informou que “está tomando as medidas cabíveis para normalizar os serviços de alimentação”.

Já em relação ao HC, a instituição admite um atraso de aproximadamente 30 minutos no agendamento de consultas e exames, mas nega que os cancelamentos de cirurgias tenhas sido decorrentes da greve. .

“A Central de Material e Esterilização do Hospital de Clínicas, que funciona 24 horas por dia, identificou a necessidade de repetir o processo de esterilização em parte dos instrumentos cirúrgicos. Trata-se de procedimento rotineiro que visa a segurança dos pacientes. As cirurgias eletivas mais urgentes foram transferidas para o período da tarde. O incidente não tem relação com o movimento grevista”.