Condenado a 124 anos, preso da Paraíba estuda "para ser uma pessoa melhor"
Valternilson Arruda Ribeiro, 38, é um dos alunos mais ativos do Campus Serrotão da UEPB (Universidade Estadual da Paraíba), em Campina Grande. Ele frequenta as aulas do curso preparatório para o Enem, faz curso técnico pelo Pronatec, também oferecido pela UEPB, e participa do projeto de leitura e escrita em grupo.
Quando começou a cumprir sua pena, há 17 anos, ele não havia sequer terminado o ensino fundamental, tinha feito até o 6º ano. Ribeiro não é de falar muito nem gosta de comentar os crimes que o levaram a uma condenação de 124 anos e nove meses. Foram cinco homicídios. Ele apenas comenta que não fará nada semelhante quando sair de lá.
“Viajo nos pensamentos e não me sinto preso quando estou aqui na universidade", afirma. "Estou traçando planos para minha nova vida, pois terei de aprender a andar de novo quando sair da cadeia e quero recomeçar com o estudo.”
Ele diz que o esforço é "para se tornar uma pessoa melhor". Segundo a legislação, ele ficará livre quando completar 30 anos de cárcere, tempo máximo de prisão no país. "Estou vivendo uma nova etapa que me levará à nova vida quando sair da cadeia. Quando cumprir minha pena, eu quero esquecer tudo de errado e começar minha vida a partir dali", conta Ribeiro.
Campus dentro da prisão
A UEPB instalou o primeiro campus universitário dentro de uma prisão em 2013, mas os cursos de nível superior serão implantados de acordo com a demanda dos presos em 2015.
"Estamos trabalhando para que pelo menos três cursos sejam escolhidos para iniciar as aulas de graduação”, explicou a coordenadora do Campus Avançado do Serrotão, Aparecida Carneiro. Como a escolaridade dos prisioneiros era baixa, a coordenação optou por começar seu trabalho oferecendo aulas de educação básica. Em 2014, cem estudantes fizeram o Enem contra 16 no ano anterior.
As graduações oferecidas serão definidas em fevereiro no PPP (Plano de Políticas Públicas) da instituição, que reúne alunos da UEPB, professores e também os presos. A coordenação do campus explica que a iniciativa tem como objetivo contribuir diretamente para a ressocialização dos internos.
Atualmente, o campus avançado atende cem dos 450 presos da unidade masculina e quase todas as 84 presas da unidade feminina do Serrotão.
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