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"Os estudos libertam os pensamentos", diz preso por compra de voto na PB

Diegho Emanueel Jomaluz de Barros, 30, coordena um grupo de leitura no presídio - Beto Macário/UOL
Diegho Emanueel Jomaluz de Barros, 30, coordena um grupo de leitura no presídio Imagem: Beto Macário/UOL

Aliny Gama

Do UOL, em Campina Grande

13/01/2015 05h00

“Passo o dia aqui desenvolvendo projetos e esqueço que estou cercado de muros e grades, que tem essa vigilância toda", diz o preso Diegho Emanuel Gonçalves de Barros, 30. "A leitura e os estudos libertam os pensamentos.”

Ele foi condenado a três anos de reclusão por compra de votos nas eleições de 2012 e cumpre sua pena na Penitenciária Regional de Campina Grande, conhecida como Serrotão. A prisão pela compra de votos mudou radicalmente o mundo o administrador de empresas e universitário de fisioterapia.

Foi organizando mais de 200 livros na biblioteca do campus avançado da UEPB (Universidade Estadual da Paraíba) que Barros descobriu o novo gosto pela leitura. Depois disso, ele montou um grupo com mais nove presos que já evolui para um grupo de escrita. Eles se preparam para publicar um livro de relatos com o título “Além das grades: mentes libertas, pensamentos soltos”, editado pela EdUEPB (Editora da UEPB), no primeiro semestre de 2015.

A UEPB tem um projeto de ressocialização no presídio que contempla um curso preparatório para o Enem, cursos pelo Pronatec e é o primeiro campus universitário instalado em uma prisão.

“Por incrível que pareça tive uma experiência produtiva aqui dentro do presídio, pois estou dando minha parcela de contribuição”, diz Barros, que se ocupa ao máximo com trabalhos educacionais. “Compra de voto existe, é uma realidade. Cometi um crime eleitoral e estou pagando pelo que fiz. Quando sair, vou chorar, mas quero minha liberdade."

A prisão

Diegho Barros trabalhava numa empresa de call center quando foi preso. Ele relembra que estava em pleno expediente de trabalho, em Campina Grande, segunda maior cidade da Paraíba, quando policiais chegaram para cumprir o mandado de prisão. Durante este tempo de prisão, Barros enfrentou o abandono de amigos e a presença da mãe tornou-se inexistente devido a um acidente de carro que ela sofreu e ficou sem andar. "Se eu não ocupasse meu tempo da maneira correta meus dias iriam se transformar em anos, que nunca passariam. Estudando os pensamentos voam e eu me sinto como se estivesse fora do presídio", conta.