Para docente da USP, ética é o melhor jeito de barrar bullying
Há um motivo bem pragmático para que o professor Yves de La Taille, titular do Instituto Psicologia da USP (Universidade de São Paulo), defenda o ensino e a discussão de valores morais e da ética na escola. Segundo o especialista em psicologia moral, essa é uma estratégia boa para combater o famigerado bullying.
“A humilhação a que o aluno é exposto é uma forma grave de violência. E violência se combate com moral”, afirma o professor. “O problema é que a moral da nossa sociedade está fraca. É uma questão de hierarquia."
Ele argumenta que a sociedade incentiva os vencedores, o sucesso, o consumo, o empreender: "na hierarquia de valores, a moral e a ética ficam em 10º lugar. É preciso que elas surjam mais fortes entre os valores do cidadão. Enquanto elas estiverem lá embaixo, o bullying vai sempre acabar acontecendo”, explica.
Prática proibida, o bullying (intimidação frequente seja física ou psicológica) é um dos principais problemas de disciplina na escola. Uma dificuldade em combater essa prática é que muitos dos agressores – e até alguns pais de alunos e professores - acreditam estar apenas "brincando" com as vítimas.
Escola responsável
“É uma prática que fere a dignidade do outro. Logo, fere os princípios da instituição de ensino. A escola deve ser transparente com os alunos e professores deixando claro que humilhar ou agredir um indivíduo não é uma prática tolerável e que a humilhação é uma forma de violência”, acrescenta.
Reforçar para os alunos que a intimidação é um problema incontornável já dá força para que eles enxerguem a prática como uma coisa que fere seus próprios valores morais.
No último dia 9 de novembro, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática em todo o território nacional. O objetivo principal é prevenir e combater a prática de bullying no país, sobretudo nas escolas.
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