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Adiamento parcial do Enem desagrada a candidatos em Belo Horizonte

Léo Rodrigues

Da Agência Brasil, em Belo Horizonte

05/11/2016 20h44

Candidatos que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) hoje (5), em Belo Horizonte, comentaram a decisão do Ministério da Educação (MEC) de adiar a prova para aqueles que a realizariam nas escolas ocupadas por estudantes. Mesmo os que discordam das manifestações estudantis consideraram que a decisão tomada não era a melhor saída.

Os estudantes ocupados protestam contra a Medida Provisória (MP) 746, que flexibiliza o currículo comum obrigatório do ensino médio no país, e contra a proposta de emenda à Constituição 55 (antiga PEC 241), que fixa um teto para os gastos públicos pelos próximos 20 anos. A PEC 55 foi aprovada na Câmara e tramita agora no Senado. Diante das ocupações, o MEC adiou o Enem em 405 instituições, afetando cerca de 270 mil estudantes. As datas do exame para estes candidatos serão 3 e 4 de dezembro.

Nesse primeiro dia de prova, os estudantes responderam a 90 questões de ciências humanas e ciências da natureza. Camila Dantas de Araújo Nascimento, 21 anos, realizou o exame e considerou o adiamento injusto pois permite que alguns candidatos tenham um mês a mais para estudar. "Se fosse para adiar, que fosse para todo mundo. Ou então remanejasse os locais de prova para todos os estudantes fazerem as provas hoje e amanhã", diz.

Com planos de ingressar no curso superior de Estética, a candidata também realizou o Enem em 2015 e achou a prova deste ano mais difícil, o que poderia favorecer que tiver mais tempo para se preparar. Camila apoia a manifestação dos estudantes: "Acho que tem de ocupar mesmo. Não tem condições de aceitar essa PEC 55."

Daniel Felipe, 22 anos, é outro candidato favorável às ocupações. "Acho que os manifestantes estão no direito deles. É um pouco complicado congelar os investimentos, porque nós necessitamos de recursos para a educação. Os alunos de baixa renda precisam de bolsas, por exemplo. E cortando isso vai ficar complicado", diz o estudante, que sonha com uma bolsa para estudar Direito.

Daniel acha que o adiamento deveria ter ocorrido para todos os candidatos. Por outro lado, acredita que a decisão não afeta a legitimidade da seleção. "No fim, acho que não vai prejudicar ninguém. Eles vão fazer uma prova de mesmo nível de dificuldade", opina.

Estudantes críticos às ocupações também ponderaram sobre a decisão do MEC. "Eu acho que devia ter mudado o local das provas desses candidatos. Adiar seria uma medida se não tivesse outra alternativa. Mas essas pessoas que estão ocupando são um pouco culpadas. Já que elas estão se manifestando pela educação e dizem levar a sério a prova do Enem, acho que estão fazendo errado", argumenta Clara Juliane, de 19 anos.

Estudante de Direito, Cláudia buscava melhorar a nota no Enem em busca de bolsas, mas não está otimista. "Para quem estudou, deve ter sido tranquilo. Mas eu não estudei, então estava muito difícil. Não levei a sério nem terminei de fazer tudo", declara.

Planejando cursar odontologia, Daniel Miranda de Almeida, de 19 anos, também avalia que não se deu bem. Para ele, alguns de seus concorrentes serão avisados do grau de dificuldade e poderão estudar por mais um mês. Daniel diz não concordar com as ocupações, mas evitou entrar no mérito das reivindicações dos manifestantes. "Eu acho errado adiar o Enem para alguns estudantes e outros não. Eu discordo das ocupações só por isso, por prejudicar o Enem", opina.