Ícone das ocupações, Colégio Estadual do Paraná é desocupado em Curitiba

Maior e mais tradicional unidade da rede, o Colégio Estadual do Paraná foi desocupado no início da noite desta segunda-feira (7), em Curitiba, em cumprimento a decisão liminar proferida pela juíza Patrícia de Almeida Gomes Bergonse, da 5.ª Vara da Fazenda Pública da capital.

Na quinta-feira passada, ela determinara, a pedido do governo do Estado, que todas as 44 escolas ainda ocupadas por estudantes tivessem posse reintegrada. Os ativistas protestam contra a medida provisória da reforma do ensino médio e contra a PEC 241, que impõe um teto aos gastos públicos. 

"Chegamos ao Estadual por volta das 18h. Já havíamos entrado em contato com os estudantes durante a tarde, e não houve dificuldades. Eles foram muito conscientes, fizeram uma assembleia e decidiram não gerar nenhum transtorno", relatou ao UOL o advogado Alexandre Salomão, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil do Paraná), que acompanha a desocupação.

"A Polícia Militar nem chegou a entrar do portão do colégio para dentro, não foi necessária", disse o advogado.

De acordo com ele, entre 50 e 60 adolescentes ocupavam o prédio. Ele conversou com a reportagem por volta das 20h30 --àquela hora, o grupo formado por oficial de Justiça, funcionários da Secretaria da Educação, OAB, Defensoria Pública e representantes dos estudantes fazia uma vistoria no prédio. O procedimento ainda deve levar mais algum tempo, devido ao tamanho do prédio --3 mil alunos estudam ali.

"[Pelo que foi visto até o momento] O colégio está em perfeito estado", contou Salomão.

A estudante Lyah, 17, aluna do terceiro ano e uma espécie de porta-voz da ocupação, confirmou ao UOL que o grupo decidiu sair do Estadual. Ela também acompanha a vistoria do edifício.

Fundado em 1846, o Estadual funciona na sede atual, tombada pelo Patrimônio Histórico do Estado, desde 1950. Tem entre os ex-alunos figuras como o poeta Paulo Leminski, o ex-presidente Jânio Quadros, o ator Ary Fontoura e os ex-governadores Jaime Lerner e Roberto Requião.

Antes de chegar ao Estadual, a OAB acompanhou a desocupação de outros três tradicionais colégios em Curitiba: Instituto de Educação do Paraná, Rio Branco, e Leôncio Correia. Outros dois tiveram reintegração de posse em São José dos Pinhais, cidade da região metropolitana. Em todos ele, a saída dos estudantes foi pacífica e sem incidentes, segundo Salomão.