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Mãe vai buscar filho na escola e o encontra sem 2 dentes; polícia investiga

Menino será ouvido por psicólogos; mãe diz que dentes foram arrancados - Reprodução/Facebook/Cinthia S. Santos de Almeida
Menino será ouvido por psicólogos; mãe diz que dentes foram arrancados Imagem: Reprodução/Facebook/Cinthia S. Santos de Almeida

Jéssica Nascimento

Colaboração para o UOL, em Brasília

28/03/2017 14h09Atualizada em 28/03/2017 20h05

A Polícia Civil do Distrito Federal abriu uma investigação para apurar o que aconteceu com um menino de quatro anos que perdeu os dois dentes da frente enquanto estava no Centro de Educação Infantil nº 1 do Riacho Fundo, região que fica a 23,5 km do centro de Brasília. Com auxílio de psicólogos, policiais ouviram a criança nesta terça-feira (28), mas o conteúdo do depoimento ainda não foi divulgado.

A mãe da criança, Cinthia Souza Santos de Almeida, registrou um boletim de ocorrência contra a escola, que é pública, e levou o menino para fazer exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).

A Secretaria de Educação informou que o diretor e o vice-diretor da instituição também serão ouvidos por policiais.

O caso teria ocorrido na última sexta-feira (24). A dona de casa conta que foi buscar o filho no fim da aula, por volta de 17h30. Segundo ela, o filho não estava na sala de aula, mas na companhia de uma funcionária da escola.

“Ele estava com a blusa suja de sangue e a funcionária segurava um pedaço de gelo na mão. Me contaram que o meu filho estava trancado no banheiro e, depois de muita conversa, decidiu sair.”

Segundo o boletim de ocorrência, a funcionária percebeu que o garoto estava sem os dentes só depois que ele se destrancou do banheiro.

“Disseram que o encontraram com o uniforme cheio de sangue e que o meu filho não disse o que havia acontecido. Fui à direção [da escola] e ninguém quis me atender”, disse a dona de casa.

Como não teria conseguido explicações no colégio, Cinthia levou o pequeno até um dentista.

No consultório, o profissional garantiu, segundo a mães, não ter encontrado lesões que indicassem um trauma (pancada), resultando na perda dos dentes. Para o médico, o caso era de extração intencional. Em um vídeo gravado pela mãe, o garoto teria dito que um “tio” puxou os dentes dele com as mãos.

A Secretaria de Educação informou que a mãe do aluno não quis ouvir a escola em nenhum momento. A pasta também declarou que está prestando assistência à mãe e ao menino.

“Nós não ligamos para ela, porque tudo aconteceu no fim do turno vespertino. Quando Cinthia chegou, já estávamos cuidando dele. Porém, ela quis ir embora sem saber o que aconteceu. Estava desesperada. Com toda razão, né? Mas acredito que deveria ter esperado segunda-feira para nos procurar”, conta a coordenadora regional de ensino do Núcleo Bandeirante, Francimar Moreira.

Coleguinha viu o que aconteceu

A coordenadora também disse que em nenhum momento a criança ficou sozinha. Esclareceu também que é “impossível” o menino ter entrado no banheiro com um homem.

“Havia 50 crianças no parquinho e duas professoras cuidavam deles. Um coleguinha viu a criança caindo e batendo a boca em um dos brinquedos, acreditamos que seja o escorregador. Como ele não relatou nada para as monitoras, todos voltaram para sala normalmente.”

Francimar ainda explica que ao retornar à sala de aula, a professora percebeu que a criança estava suja de sangue. Ao questioná-lo, o aluno teria corrido até ao banheiro e depois se trancado.

“Sabemos o quanto é complicado cuidar de crianças, ainda mais em um ambiente com 50. Ressaltamos que estamos à disposição da família. A mãe, por exemplo, nos pediu um raio-x e já o concedemos”, diz.

Futuro incerto

Para Cinthia, o futuro do menino ainda é incerto. Ela ainda não sabe se o filho vai continuar estudando no colégio, já que é a única instituição pública de ensino infantil na região.

A dona de casa também pensa na possibilidade de entrar na Justiça contra a Secretaria de Educação. Tudo vai ser resolvido na próxima quinta-feira (30), após uma reunião com a advogada da família.

“Eu não sei o que eu faço, estou com o coração na mão. Se eu colocar o menino em outra cidade, fica muito complicado para mim. Por outro lado, não sei se posso confiar novamente na escola”, disse Cinthia.

Ela garante que a segurança e a infraestrutura do colégio precisam melhorar consideravelmente. Segundo ela, o parquinho não é confiável --pois toda estrutura é de metal--, as câmeras de segurança não funcionam e o efetivo de professores e monitores é abaixo do necessário.

A Secretaria de Educação afirma que os professores trabalham em sala de aula com até 25 alunos, o que é considerado um número normal – como em outros colégios.

Também ressalta que a estrutura de metal do parquinho não traz risco aos estudantes. “Criança brinca, cai e se machuca. É normal isso. Acidentes com crianças, infelizmente acontecem. Ainda não entendi a dimensão desse caso. Afinal, vivemos isso todos os dias. Criança não fica quieta, muito menos estática”, esclarece a coordenadora regional de ensino.