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Professores elegem as 5 questões mais difíceis do 2º dia de Enem

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

13/11/2017 14h33

A maratona do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) chegou ao fim. As provas terminaram nesse domingo (12) com as questões de exatas: foram 45 de matemática e outras 45 de química, física e biologia.

Este foi o primeiro ano em que o Enem foi realizado em dois domingos. Na semana passada, os candidatos fizeram as provas de linguagens, ciências humanas e a redação.

Para professores ouvidos pelo UOL, a prova de exatas demandou dos candidatos muitos cálculos e jogo de cintura para administrar bem o tempo. Mas, além disso, pelo menos cinco perguntas do exame chamaram a atenção dos professores por terem um nível de dificuldade alto ou por cobrarem conteúdos que não costumam aparecer no exame.

O gabarito oficial da prova será divulgado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão responsável pelo Enem, até o dia 16 de novembro. Enquanto isso, os cursinhos fazem seus próprios gabaritos, debatidos pelos professores. Confira abaixo a opinião deles sobre as questões mais difíceis.

Matemática

A questão 137 da prova azul (141 na rosa, 154 na cinza, 145 na amarela) apresentou a situação de uma pessoa que precisava pagar um empréstimo. Ela trouxe uma função logarítmica para que o candidato calculasse o menor número de parcelas com que essa pessoa poderia quitar o empréstimo.

Para Alfredo Castelo, professor do SAS Plataforma de Educação, a questão era “trabalhosa”. “Além de exigir que o candidato soubesse trabalhar com inadequação logarítmica e algumas propriedades dos logaritmos, ela ainda apresentava alguns cálculos com números decimais que podem ter feito o aluno perder tempo”, ressalta.

Vinicius de Carvalho Haidar, coordenador do Curso Poliedro, pontua que não é comum que o Enem cobre conhecimentos de logaritmos em um nível aprofundado. “Ano passado caíram coisas assim na prova, mas não nesse nível de exigência”, explica.

Os dois professores acreditam que a alternativa correta da questão seja a letra D.

A questão 143 da prova azul (136 na rosa, 146 na cinza, 149 na amarela) trouxe a imagem de um caminhão-cegonha de brinquedo que carregava dez carrinhos.

Considerando que eles podiam ser pintados de amarelo, branco, laranja ou verde –e que devia haver pelo menos um carrinho de cada uma das quatro cores disponíveis, o candidato precisou calcular quantos modelos diferentes do brinquedo caminhão-cegonha poderiam ser fabricados.

Para a equipe de professores do Cursinho da Poli, a pergunta chamou a atenção por exigir do candidato um conhecimento de nível muito aprofundado sobre análise combinatória.
Haidar concorda e complementa: “O aluno precisava saber o conceito de combinação completa, entender combinação, senão ele não conseguiria resolver [a questão]”.

Ele ainda afirmou que o conteúdo de combinação é “uma das partes mais difíceis” da matemática vista no ensino médio.

Tanto os professores do Cursinho da Poli como o professor Haidar acham que a resposta correta é a alternativa B.

Química

A questão 121 da prova azul (111 na rosa, 109 na cinza, 117 na amarela) falou sobre eletroquímica e associação de pilhas. O candidato precisava dizer qual das combinações apresentadas fornecia diferença de potencial suficiente para acender uma lâmpada de LED azul.

“Essa é uma questão difícil porque exigia muitos conhecimentos aprofundados em eletroquímica, algo que não era uma característica do Enem. Até costuma cair eletroquímica, mas não nesse nível”, diz Haidar.

O professor Michel Henri, do SAS Plataforma de Educação, concorda e afirma que a questão “tem um nível bastante elevado e exige do aluno conhecimentos muito específicos e de alta dificuldade, demandando muito tempo para a resolução”.

Os professores apostam na alternativa C como resposta para a questão.

Física

A questão 131 da prova azul (91 na rosa, 97 na cinza, 125 na amarela) trouxe a situação de dois motoristas, um usando o celular enquanto dirigia e outro não. Para os professores, ela era de um nível de dificuldade alto: a partir dos dados apresentados no enunciado, o candidato precisava calcular a distância que o motorista desatento percorreria a mais do que o motorista atento no caso de ambos precisarem frear os veículos.

Para Vasco Vasconcelos, do SAS Plataforma de Educação, o enunciado não possuía um comando claro. “Ele deixa margem para mais de um raciocínio e, com o tempo curto de prova, isso dificulta muito”, afirma.

Já Haidar destaca que o aluno precisava fazer contas com muitos números quebrados, algo que “não é muito do perfil do Enem”. “A chance do aluno errar nisso é muito grande. Acaba pegando no detalhe”, explica.

Ambos os professores acreditam que a alternativa correta seja a letra E.

Biologia

Para os professores do Cursinho da Poli, a questão 117 da prova azul (112 na rosa, 105 na cinza e 118 na amarela) também trouxe conceitos muito específicos, que não costumam ser cobrados no Enem.

A pergunta abordou a distrofia muscular e pedia para que o candidato respondesse qual era o motivo para a diferença da manifestação dessa doença entre mulheres gêmeas.

“O aluno precisava saber herança sexual e cromatina sexual. Sem esses conceitos, ele não conseguia resolver a questão”, complementa Haidar.

Flávio Landim, professor do SAS Plataforma de Educação, diz que “o fenômeno de mosaicismo relacionado à formação de cromatina sexual em mulheres é um caso bem particular de genética”.

Todos os professores apostam na alternativa D como a resposta correta para a questão.

CONFIRA O GABARITO EXTRAOFICIAL DESTE DOMINGO (12)