Filho de diarista e porteiro é aprovado em medicina em universidade federal
"Desde pequeno eu sempre falei que queria isso, mas ficou aquele sentimento de um sonho, apenas. Era quase impossível".
A frase é de Renan Santos Viana, 19, estudante de uma escola pública de Matinhos, litoral do Paraná, cujo sonho de ser médico, desde criança, era recebido com descrença pela família devido às dificuldades financeiras. Agora ele comemora: passou no vestibular da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
As visitas frequentes do menino asmático ao hospital alimentaram o sonho de um dia vestir um jaleco, já que Renan observava os médicos e se encantava com a profissão. "Quando cheguei no ensino médio, as matérias com que mais me identificava eram biologia e química. Medicina era o único curso que se encaixava", ressalta.
Mas para realizar seu sonho, como é a realidade de milhares de estudantes brasileiros, Renan teve que correr atrás da defasagem escolar que sofreu com anos de ensino público.
Filho de Sandra Regina dos Santos, diarista, e de Euclides Babugem Viana, porteiro, em 2015, enfrentou as dificuldades financeiras e se mudou com os pais e os dois irmãos para a capital paranaense, Curitiba, em busca de um cursinho pré-vestibular de qualidade.
"Como Curitiba é uma cidade grande, é mais caro o aluguel, o cursinho é um preço alto mesmo com desconto. Então foi uma batalha pra se manter financeiramente", lembra o rapaz.
Dias de luta, dias de glória
O primeiro ano de cursinho, conta o estudante, tinha como objetivo "tapar os buracos" e estudar conteúdos que o ensino público não o havia ensinado.
"Matemática era a minha maior dificuldade, porque no colégio nem ensinavam direito, saí com dificuldade de resolver equações de 1º grau. Cheguei no cursinho e deparei com vários assuntos diferentes que nunca tinha visto. Primeiro ano foi uma batalha, tive que estudar em dobro", afirma.
Sem sucesso no vestibular de medicina e sem condições de bancar mais um ano de cursinho particular, Renan chegou a cursar biomedicina durante seis meses na UFPR, mas largou a graduação para voltar ao cursinho depois de receber bolsa integral para estudar no curso Positivo.
Em pé às 5h30, três ônibus lotados levavam Viana no trajeto que separava o novo cursinho, no bairro Batel, de sua casa, no Cajuru. "Chegava às 7h no cursinho, ficava até 12h20 assistindo aula, lá mesmo eu almoçava, ia para a biblioteca estudar e ficava até às 19h. Neste ano, foquei os estudos no que era mais necessário", explica.
E deu certo. No dia 11 de janeiro, data de divulgação da lista de aprovados em medicina na UFPR, lá estava o nome de Renan. "A família toda estava reunida na sala, quando vimos meu nome foi só gritaria, aí todo mundo chorou. Minha mãe ligou pro Brasil todo para contar", brinca.
Após sua história ter sido divulgada na imprensa, outra notícia boa tocou no celular de Renan: o representante de uma empresa de saúde ligou para oferecer-lhe um emprego. "Estou muito, muito feliz. Meus pais sempre falaram para ter bastante foco e andar pelo caminho certo. Estão bem orgulhosos", conta o estudante.
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